“A Verdade e a
Mentira se encontram um dia.
A Mentira diz à
Verdade: Hoje é um dia maravilhoso!
A Verdade olha
para os céus e suspira, pois o dia era realmente lindo.
Elas passaram
muito tempo juntas, chegando finalmente ao lado de um poço. A Mentira diz à
Verdade: ‘A água está muito boa, vamos tomar um banho juntas!’
A Verdade, mais
uma vez desconfiada, testa a água e descobre que realmente está muito gostosa.
Elas se despiram e começaram a tomar banho.
De repente, a
Mentira sai da água, veste as roupas da Verdade e foge.
A Verdade,
furiosa, sai do poço e corre para encontrar a Mentira e pegar suas roupas de
volta.
O mundo, vendo a
Verdade nua, desvia o olhar, com desprezo e raiva.
A pobre Verdade
volta ao poço e desaparece para sempre, escondendo nele sua vergonha.
Desde então, a
Mentira viaja ao redor do mundo, vestida como a Verdade, satisfazendo as
necessidades da sociedade, porque, em todo caso, o Mundo não nutre nenhum
desejo de encontrar a Verdade nua.”
Existe um outro
final dessa parábola que diz: “A verdade, por sua vez, recusou-se a vestir-se
com as vestes da mentira. E por não ter do que se envergonhar, saiu nua a
caminhar pelas ruas e vilas. E desde então, é por isso que, aos olhos de muita
gente, é mais fácil aceitar a mentira vestida de verdade, do que a verdade nua
e crua.”
Publicado originalmente em oversoso.com.br. (Disponível em diversos sites, na Internet)
PINTURA: A verdade que sai do poço, Jean-Léon Gérome, 1896. A pintura pertence às coleções do museu Anne-de-Beaujeu, em Moulins, na França, e está ligada a uma parábola do século XIX.