quarta-feira, 17 de abril de 2024

Voternidade: vivências relacionais. [RE-postado do Blog de 29/08/2016]

 


Confesso que desconhecia a palavra... E por ter ouvido pela primeira de uma pessoa bastante espirituosa, pensei que ela estivesse “brincando”. Não era brincadeira! E... fui “apresentada” a este neologismo, que traz em seus significados o estado de ser, de vivência imbricada com presença e afeto, de querer ser feliz e fazer feliz com responsabilidades diferentes da maternidade e/ou paternidade. E assim, a intenção de sugerir registros sobre fatos relacionados às avós e netos foi aceita por mim.

Tenho lido e ouvido sobre este estado de ‘ser avós’ em mídias, em redes sociais, na convivência com os mais próximos e muitas vezes, não me sinto representada, como quando sustentam a ideia de que “com a vovó tudo pode” - fazer birra, mexer em gavetas, bagunçar sem organizar, riscar em paredes, falar aos gritos etc.

Outra ideia propagada sobre a voternidade é que “a melhor coisa do mundo”. Estas generalizações me incomodam por desconsiderarem as especificidades de cada ser, suas histórias e seus contextos. Penso que a voternidade não é diferente da vivencia processual de SER (mãe, pai, irmãos, tios, primos, amigos etc), com momentos prazerosos, outros não tão prazerosos e tantos incríveis e de pleno deleite.

Acredito que a voternidade pode disponibilizar presença, ajuda, relação de afeto considerando sempre a necessidade dos pais e tendo a lucidez de que os personagens principais da/na educação dos netos (e é bom que seja), são os pais. A voternidade precisa dar espaço necessário para que a maternidade/paternidade seja vivenciada.

Ao vivenciarmos a voternidade se fazem necessários alguns cuidados, como evitar dizer “como se faz”, o que, por si só, não é fácil, pois a tentação de interferir é grande. Muitas vezes visualizamos semelhanças em acontecimentos vivenciados por nós avós, enquanto mães/pais. Vemos, de certa forma, histórias se repetirem, mas é preciso respeitar o funcionamento, as regras, os combinados estabelecidos e que fazem sentido para o núcleo familiar.

Importante destacar que os estreitamentos de laços, na voternidade como em outras relações, necessitam de tempo de atenção, de ‘chamar atenção’, de ouvir, de dar limites, do esforço para estar presente, mesmo que distante fisicamente, pois os recursos tecnológicos disponíveis, não substituem o chamego, o olhar, o cheiro, as graças ditas/feitas quando se está junto.

Poder vivenciar a voternidade é privilegio de viver a maternidade/paternidade de outra forma e, quem sabe, melhor! É poder experienciar com os netos as dimensões da vida, para que em seus corações sejamos boas lembranças, e estas, sejam base para seus futuros fazeres e saberes como pais.

Acredito que esta palavra traz em si a possibilidade de refletirmos sobre as representações de avós e suas relações afetivas, na vida real e na literatura. Representações estas que podem favorecer “o exercício” de valores que humanizam.

Por fim, acredito que os valores que humanizam estão presentes nas relações estabelecidas, o que me faz lembrar de muitas situações reais vivenciadas pela/na voternidade.

Dentre estas lembranças, me veio à história O menino e seu amigo*, que narra a relação de Ziraldo, quando criança, e seu avô e a importância deste em sua vida. 

Agradeço à pessoa que me apresentou o neologismo que despertou em mim a intenção de fazer e socializar alguns registros sobre a temática.

 


* Menino e seu Amigo – Autor e Ilustrador Ziraldo Alves Pinto – 
Editora Melhoramentos, 2012.


Ziraldo
 vida dedicada à literatura e à ilustração para crianças. Artista gráfico, humorista, escritor de livros infantis, ilustrador, cartunista, caricaturista, dramaturgo, jornalista e bacharel em Direito. Nasceu em 24 de outubro de 1932 em Caratinga, Minas Gerais. Casou-se com D. Vilma e tem três filhos, Fabrizia, Daniela e Antônio.

Sônia Peixoto

smapeixoto@hotmail.com

https://smapeixoto.blogspot.com.br/

 

quinta-feira, 4 de abril de 2024

Vida sem ética... Pondere!! [RE-postagem do Blog de 09/10/2016]

 



Recebi o vídeo Pondere por mensagem, num momento em que tinha presenciado, em um curto espaço de tempo, algumas cenas em que o individualismo, a banalização de valores, a falta de respeito com os outros se fizeram presentes.

 

Diante das cenas, lembrei das inúmeras conversas que tínhamos quando criança, eu e meus irmãos, com nosso pai. Sem termos a clareza da dimensão conceitual, estas eram conversas permeadas de reflexões éticas, eram referências...

Referências para que tivéssemos dentre outras coisas a noção do que poderíamos fazer ou não fazer, referências para a autorresponsabilidade, para o respeito consigo mesmo e para com os outros!

Já conhecia outras palestras e entrevistas com professor Leandro Karnal. Na palestra completa de onde Pondere foi editado, ele destaca que para algumas pessoas “a velocidade da transformação do mundo provocou a perda das referências”; destaca ainda a perda da noção de certo e errado, do uso de "por favor", "licença", "obrigado" como regras de convivência e não somente como regras de etiquetas.

Leandro Karnal chama atenção sobre a importância dos momentos de crise para a reflexão sobre o desconforto de possíveis mudanças e da necessidade da saída da zona de conforto.

Assim, os vídeos (Pondere e Vida Sem Ética da Mais Trabalho) aqui postados são convites à reflexão sobre a possibilidade de ressignificar nossas “zonas de conforto”, que, segundo Karnal, é o “primeiro passo para estabelecer o que deve permanecer e o que deve ser banido para sempre” de nossas vidas.

 

 

 OBSERVAÇÃO - O vídeo "Pondere" é um recorte da palestras Vida Sem Ética dá Mais Trabalho, de  Leandro Karnal – 2016, Editado por Marcio Leite/Pais do Absurdo.




Vídeo com a palestra completa acesse aqui - Vida Sem Ética da Mais Trabalho 2016 - Leandro Karnal  https://youtu.be/fyt9IXUDUHM

 

Sobre Leandro Karnal - Nasceu em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, no dia 1 de

fevereiro de 1963. É graduado em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, em Porto Alegre, e doutor pela Universidade de São Paulo (USP).

Foi professor do ensino fundamental e médio de escolas públicas e privadas. Lecionou em cursinhos pré-vestibulares. É professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na área de História da América.

Trabalha na capacitação de professores da rede pública e na elaboração de material didático e de apoio ao professor. É autor, coautor e organizador de diversos livros. (Fonte: https://pensador.uol.com.br/autor/leandro_karnal/biografia/)

 

Vídeo com a palestra completa acesse aqui - Vida Sem Ética da Mais Trabalho 2016 - Leandro Karnal  https://youtu.be/fyt9IXUDUHM

terça-feira, 26 de março de 2024

Momentos (Canção de Victor & Leo)

 

Esta bela canção que me faz pensar/refletir sobre a vida, sobre
o caminho vivenciado por muitos de nós... Já no início
destaca os “momentos inevitáveis” em que perguntas/dúvidas
pedem respostas...



Há momentos inevitáveis

Que o coração da gente pede respostas
É nessa hora
Que a gente diz que não entende a vida e chora

Se a gente soubesse
O quanto merece cada um
O que cada um tem
A gente nada pediria
Simplesmente o bem faria
Para merecer o bem

Eu, que sempre tive o que dizer
Hoje, ouço em silêncio
Levei tempo pra entender
Que só o tempo
Apenas o tempo nos ensina a viver

Se a gente soubesse
O quanto merece cada um
O que cada um tem
A gente nada pediria
Simplesmente o bem faria
Para merecer o bem

Eu, que sempre tive o que dizer
Hoje, ouço em silêncio
Levei tempo pra entender
Que só o tempo
Apenas o tempo nos ensina a viver

Eu, que sempre tive o que dizer
Hoje, ouço em silêncio
Levei tempo pra entender
Que só o tempo
Apenas o tempo nos ensina a viver

Que só o tempo
Apenas o tempo nos ensina a viver




Cantores - Victor e Leo
Compositor: Victor Chaves
Vídeo - https://youtu.be/dLby93hJ0rI?feature=shared
Victor & Leo - Dupla sertaneja formada pelos irmãos Vitor Chaves Zapalá Pimentel, conhecido artisticamente como Victor Chaves, e Leonardo Chaves Zapalá Pimentel, conhecido artisticamente como Leo Chaves, ambos nascidos em Ponte Nova, Minas Gerais. Victor nasceu em 15 de abril de 1975 e Leo nasceu em 4 de outubro de 1976.


sexta-feira, 15 de março de 2024

Soneto de Fidelidade (Vinícius de Moraes)

 

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
 
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
 
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
 

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Sobre o Autor - Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes, mais conhecido como
Vinicius de Moraes, foi um poeta, dramaturgo, jornalista, por 26 anos, trabalhou como diplomata, 
cantor e compositor brasileiro. Poeta essencialmente lírico, o que lhe renderia o apelido "Poetinha", 
que lhe teria atribuído Tom Jobim, notabilizou-se pelos seus sonetos. Nasceu em 19 de outubro de 
1913, Gávea, Rio de Janeiro, faleceu em 9 de julho de 1980, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 



quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

**A ENTREVISTA MUSICAL


* QUANDO VOCÊ NASCEU? Eu nasci, a dez mil anos atrás, e não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais... (Raul Seixas)

* ONDE VOCÊ MORA? Moro num país tropical. Abençoado por Deus e bonito por natureza. Oh, que beleza! Oh, que beleza! (Ivete Sangalo)

* UMA META NA VIDA? Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar... (Roberto Carlos)

* QUAL O SEGREDO PARA VOCÊ MANTER-SE JOVEM? É o amor, que mexe com minha cabeça e me deixa assim. Que faz eu lembrar de você e esquecer de mim. Que faz eu entender que a vida é feita para viver... (Zezé de Camargo e Luciano)

* NOS MOMENTOS DE AFLIÇÃO A QUEM VOCÊ RECORRE? Jesus Cristo, Jesus Cristo, eu estou aqui... (Roberto Carlos)

* O QUE VOCÊ FAZ E RECOMENDA DIANTE DOS PROBLEMAS E DIFICULDADES? Toda pedra do caminho, você pode retirar, numa flor que tem espinhos você pode se arranhar, Se o bem e o mal existem, Você pode escolher, É preciso saber viver, É preciso saber viver... (Titãs)

* COMO VOCÊ SE SENTE QUANDO ESTÁ DISTANTE DAS PESSOAS QUE MAIS GOSTA? Avião sem asa, fogueira sem brasa. Sou eu assim sem você. Futebol sem bola, Piu-Piu sem Frajola. Sou eu assim sem você... (Claudinho e Buchecha)

* NA ESCOLA OU TRABALHO AO ENCONTRAR COM AS PESSOAS O QUE GOSTARIA DE PENSAR SOBRES ELAS? Amigos, pra sempre, bons Amigos que nasceram pela fé, Amigos, pra sempre, para sempre amigos sim, se Deus quiser. (Luan Santana)

* SE ENCONTRAR ALGUM OBSTÁCULO QUE VENHA A TE DESANIMAR OU A TE DEIXAR COM PREGUIÇA DE SEGUIR EM FRENTE, O QUE VOCÊ FARÁ? Veja, não diga que a canção, está perdida, tenha em fé em Deus, tenha fé na vida. Tente outra vez!... (Raul Seixas)


* DIANTE DE BONS MOMENTOS O QUE VOCÊ FAZ DIANTE DELES? Extravasa. Libera e joga tudo pro ar. Eu quero ser feliz antes de mais nada. Extravasa. Libera e joga tudo pro ar, ar, ar, ar, ar, ar, ar...(Cláudia Leite)

* EM QUE VOCÊ PENSA NO FINAL DE UM LONGO DIA, SEJA ELE BOM OU RUIM? Mas é claro que o sol vai voltar amanhã. Mais uma vez, eu sei. Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã. Espera que o sol já vem... (Legião Urbana)

* O QUE VOCÊ TEM VONTADE DE FAZER QUANDO APRENDE ALGO COM FACILIDADE OU TEM SUCESSO DIANTE DE ALGUMA ATIVIDADE? Ah! Se o mundo inteiro. Me pudesse ouvir, tenho muito prá contar, dizer que aprendi... (Tim Maia)

* E NO FINAL DE TUDO O QUE DIZER... Valeu a pena, Êh! Êh! Valeu a pena, Êh! Êh! (O Rappa)

*  O QUE VOCÊ DIRIA PARA AS PESSOAS DESANIMADAS? Canta, canta, minha gente, deixa a tristeza pra lá. Canta forte, canta alto, que a vida vai melhorar. Que a vida vai melhorar, que a vida vai melhorar. (Martinho da Vila)

* E SOBRE SEUS SONHOS? Os sonhos mais lindos sonhei, de quimeras mil um castelo ergui, e no seu   olhar, tonto de emoção, com sofreguidão mil venturas vivi. (Elis Regina)

* O QUE VOCÊ ESPERA QUE ACONTEÇA AO FINAL DE MAIS UM ANO? E vai rolar a festa, vai rolar... (Ivete Sangalo)



**Autoria Desconhecida - Texto de circulação na internet.

 

 

 

 


terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Ausência (Carlos Drummond de Andrade)

 

Por muito tempo achei que a ausência é falta.

E lastimava, ignorante, a falta.

Hoje não a lastimo.

Não há falta na ausência.

A ausência é um estar em mim.

E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,

que rio e danço e invento exclamações alegres,

porque a ausência, essa ausência assimilada,

ninguém a rouba mais de mim.




Sobre o Autor - Carlos Drummond de Andrade foi um poeta, farmacêutico, contista e cronista brasileiro, considerado por muitos o mais influente poeta brasileiro do século XX. Nascimento: 31 de outubro de 1902, Itabira, Minas Gerais. Falecimento: 17 de agosto de 1987, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro



sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Criança diz cada uma…

 

Adultos são o que as crianças se tornam depois que começam

 a produzir hormônios e a largar sonhos pelo caminho. E é

 assim que nos tornamos maduros, responsáveis e

 burrocráticos.”  – Pedro Bloch.

 

 Aos 14 anos, mais ou menos quando descobri o quanto a educação me fascinava, descobri também uma coleção de revistas Pais e Filhos da minha mãe, da época de gravidez (86-87). Antigas, amareladas, mas com um grande tesouro dentro: uma coluna chamada “Criança diz cada uma…”, assinada pelo médico, dramaturgo e escritor de livros infantis Pedro Bloch.

Em todas as edições, ele recolhia algumas das tiradas engraçadas que saiam das boquinhas de seus pacientes, em seu consultório pediátrico, ou que haviam sido contadas a ele por pais ou professores:

Um menino de três anos foi com seu pai ver uma ninhada de gatinhos que haviam acabado de nascer. De volta a casa, contou, com excitação, para sua mãe que havia gatinhos e gatinhas.

 Como você soube disso? — perguntou a mãe.

Papai os levantou e olhou por baixo —, respondeu o menino. — Acho que ali estava a etiqueta. 

Não sei quantas tardes passei folheando essas preciosidades! Eu me divertia horrores, enquanto prometia pra mim mesma que nunca iria engessar meu pensamento sobre as crianças.

Hoje percebo que temos tantas pequeninas fontes preciosas na nossa frente, e a tendência é não darmos valor… como mãe, porque o dia-a-dia é corrido, porque estamos sempre cansadas; como professora, porque temos muitas competências a atingir, objetivos a alcançar, tarefas a completar… porque são muitos alunos ao mesmo tempo… A convivência e o relacionamento adulto-criança estão tão rasos!!

Acho essencial separar tempo pra ouvi-los. Assim, nós legitimamos o que eles sentem e pensam. Quando os escutamos e apreciamos isso, eles percebem que tem voz ativa e isso muda seu comportamento e sua visão de si mesmos; deixa-os livres para construir hipóteses, fazer colocações… Ensaiar e aprimorar o seu entendimento do mundo.

Vamos prestar atenção, dar tempo e oportunidade pra que os pequenos digam o que pensam? É importante pra eles, mas também é muito bom pra nós!

É uma delícia ver o mundo pelos olhinhos deles! Dê-se o direito de voltar a ser criança! E digo mais: há coisas que só uma criança consegue enxergar…

Além de tirar muita foto e gravar muito vídeo (nem tanto, ultimamente…), faço questão de anotar as frases e acontecimentos engraçados do Davi, desde que ele começou a falar.

Tenha esse hábito também! É muito gostoso ver o desenvolvimento do raciocínio, sem contar que serve pra matar saudades, e pra depois mostrar pro guri, quando estiver mais crescido!

Aqui estão alguns trechos da coletânea de “preciosidades” do Pedro Bloch, o Dicionário de Humor Infantil – Frases do cotidiano de crianças de 3 a 11 anos (infelizmente, já fora de catálogo):

ADULTO: “É uma pessoa que sabe tudo, mas quando não sabe diz logo: ‘veja na enciclopédia’.”

 ALEGRIA: “É um palhacinho no coração da gente.”

 AMAR: “É pensar no outro, mesmo quando a gente nem tá pensando.”

BOCA: “É a garagem da língua.”

 BONITA: “Se eu sou bonita ou inteligente? Se eu sou bonita, você vê na cara. E se eu sou inteligente, nem respondo a uma pergunta boba dessas.”

 CABELO: “É uma coisa que serve pra gente não ficar careca.”

 CALCANHAR: “É o queixo do pé.”

 CHOCOLATE: “É uma coisa que a gente nunca oferece aos amigos porque eles aceitam.”

 


COBRA: “É um bicho que só tem rabo.”

 CRIANÇA: “Ser criança é não estragar a vida.”

 DISTÂNCIA: “A Europa fica mais longe que a Lua. A Lua eu vejo.”

 ESCURO: “Tenho mais medo de avião que de escuro. É que escuro não voa, nem cai.”

 ESPERANÇA: “É um pedaço da gente que sabe que vai dar certo.”

 FUTEBOL: “É um jogo em que, às vezes, a trave joga melhor que o goleiro. Pega tudo.”

 FUTURO: “É tudo que vem depois e, quando chega, já era.”

 GÊMEAS: “Eu vi duas meninas de cara repetida.”

 


HORA: “A melhor hora da minha escola é a hora da saída.”

JARDIM ZOOLÓGICO: “O bicho que eu mais gostei, no jardim zoológico, foi o vendedor de sorvete.”

 MISTÉRIO: “É uma coisa que a gente não sabe explicar direito e, quando explica, já não é.”

 NEVOEIRO: “É poeira do frio.”

 


PACIÊNCIA: “É uma coisa que mamãe perde sempre.”

PAI: “Ser pai é mais difícil que ser mãe. Pai precisa usar gravata.”

POLUIÇÃO: “É sujeira do progresso.”

QUANDO PUDER: “É muito tarde.”

REDE: “É uma porção de buracos amarrados com barbante.”

REFLEXO: “É quando a água do lago se veste de árvores.”

RELÂMPAGO: “É um barulho rabiscando o céu.”

SAUDADE: “É quando uma pessoa que devia estar perto está longe.”

SOL: “Eu não errei na prova. Só disse que o Sol nasce no nascente e dorme no dormente.”

SONO: “É saudade de dormir.”

 SORTE: “É a gente acordar, se preparar pra ir pra escola e descobrir que é feriado nacional.”

 STRIP-TEASE: “É mulher tirando a roupa toda, na frente de todo mundo, sem ser pra tomar banho.”

VEIAS: “São raízes que aparecem no pescoço das meninas que gritam.”

 VIDA: “A vida a gente não explica. Vive.”

 



FONTE - https://minutocrianca.wordpress.com/2014/02/19/crianca-diz-cada-uma/


P
edro Bloch foi um médico foniatra, jornalista, compositor, poeta, dramaturgo e autor de livros infanto-juvenis russo naturalizado brasileiro. Escreveu mais de cem livros. Nascimento: 17 de junho de 1914, Jitomir, Ucrânia. Falecimento: 23 de fevereiro de 2004, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.