sexta-feira, 15 de março de 2024

Soneto de Fidelidade (Vinícius de Moraes)

 

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
 
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
 
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
 

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Sobre o Autor - Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes, mais conhecido como
Vinicius de Moraes, foi um poeta, dramaturgo, jornalista, por 26 anos, trabalhou como diplomata, 
cantor e compositor brasileiro. Poeta essencialmente lírico, o que lhe renderia o apelido "Poetinha", 
que lhe teria atribuído Tom Jobim, notabilizou-se pelos seus sonetos. Nasceu em 19 de outubro de 
1913, Gávea, Rio de Janeiro, faleceu em 9 de julho de 1980, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 



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