terça-feira, 30 de maio de 2023

INFANTOCRACIA...



INFANTOCRACIA: QUANDO AS CRIANÇAS MANDAM NOS PAIS

É cada vez mais frequente assistir-se a debates mais ou menos fervorosos acerca da (in)disciplina das nossas crianças. Se, por um lado, é verdade que têm existido mudanças muito positivas no desempenho do papel parental – as gerações mais novas são, de um modo geral, melhores pais do que as gerações mais antigas – também há que reconhecer que em algumas famílias impera aquilo a que frequentemente se chama infantocracia


E o que é a infantocracia? É o modelo familiar que se caracteriza pelo fato de os pais girarem à volta dos filhos. Não estamos falando de pais mais altruístas, ou de um amor maior. Estamos, isso sim, falando de uma das maiores formas de violência que é possível incluir na educação de uma criança.


Em muitos casos a origem deste padrão comportamental está precisamente no fato de estes adultos terem sofrido – muitas vezes na pele – as agruras de uma educação marcada pela austeridade e pelo autoritarismo. 

Mas até que ponto será justo descarregarmos as nossas mágoas na educação dos filhos? Afinal, a permissividade, a incapacidade para dizer não ou os sentimentos de culpa associados à definição de limites são tão ou mais nocivos do que o autoritarismo.


A verdade é que uma criança que cresça sem limites não tolera a espera, é incapaz de adiar a satisfação, o que tem implicações severas para a sua socialização. É que os outros adultos e as crianças com quem conviverá a partir do momento em que for para a escola não estarão à altura das suas expectativas ou dos padrões a que está habituada. Em casa, a mãe é capaz de adiar uma ida à casa de banho para lhe contar pela 40.ª vez a história preferida… Fora de portas é difícil gerir a frustração.

Dominados por sentimentos de pena e de culpa – muitas vezes pelo fato de estarem todo o dia fora a trabalhar – alguns pais sentem dificuldade em dizer não às vontades dos filhos. Assim, os desejos das crianças transformam-se facilmente em leis a que os adultos da casa se submetem praticamente sem contestar. Claro que há dias mais difíceis, em que o pai ou a mãe explode. O fato de ter acumulado outras preocupações está quase sempre na origem de uma espécie de sequestro emocional que toma a forma de uma palmada.

E o que é a palmada, senão uma explosão de raiva do adulto? Não, eu não defendo a ideia de que uma simples palmada – muitas vezes indolor – seja especialmente traumática. Mas também não acredito nos seus efeitos pedagógicos. Uma criança pequena dificilmente associará o castigo físico ao seu comportamento. No máximo, sentirá a dor provocada pelo açoite e aprenderá que, quando suficientemente irritados, os adultos podem adotar este comportamento.

A criança desarrumou os brinquedos? Deve ser ela a arrumá-los. Não arruma?
Então, não joga Playstation, não vê televisão nem liga o computador. Estes castigos são tão mais eficazes quanto mais coerentes forem os adultos. Se os pais forem rigorosos, o que implica manter-se firmes em relação aos castigos, por exemplo, conseguirão educar os filhos com autoridade e disciplina. Mas o exemplo dos pais também conta – de que adianta tentar educar os filhos no sentido de cooperarem com estas tarefas se os pais deixarem as suas próprias coisas espalhadas pela casa?

Mesmo as crianças pequenas são perfeitamente capazes de perceber e interiorizar regras e de estabelecer a associação entre mau comportamento e castigo. Contudo, é importante que os pais (e os outros educadores) expliquem aos seus filhos o que esperam deles ANTES de qualquer castigo. Assim, quando o seu filho começar a decorar as paredes da sala com os lápis de cor, importa que possa dizer-lhe que estes "desenhos" só podem ser utilizados no papel. Esclareça que, se o comportamento se repetir, haverá um castigo (defina claramente a medida a aplicar no futuro). Desnecessário será dizer que, em caso de reincidência, a coerência é fundamental. Fechar os olhos aos erros das crianças é um comportamento regular, mas as consequências são invariavelmente nefastas.

Como ninguém reconhece autoridade a pessoas injustas, é importante não subestimar a importância dos elogios. Sempre que uma criança se esforça por melhorar o seu comportamento deve ser elogiada CLARAMENTE. É preferível dizer “Fico contente por teres emprestado o teu carrinho ao outro menino” em vez de “Muito bem!”.

Quando o mau comportamento se torna persistente, pode ser útil “importar” algumas das estratégias da Psicologia, nomeadamente da área cognitivo-comportamental: os calendários. Elabore um calendário e afixe-o na porta do frigorífico. Diariamente atribua um símbolo ao comportamento da criança (por exemplo, usando o sol, a nuvem e a chuva). Defina – e explique claramente – o que espera do seu filho. É importante definir um esquema de castigos e recompensas justo e consistente.

Outra das estratégias que recomendo com frequência é o timeout, normalmente como resposta às famigeradas birras. A ideia é definir um local da casa – normalmente o quarto – onde a criança deve ficar durante alguns minutos e acalmar-se SOZINHA. De um modo geral, aplica-se um minuto por cada ano da criança. Claro que, se o objetivo é ignorar a birra e forçar a criança a refletir sobre o seu comportamento, o local escolhido não deve ter televisor ou computador. Como sempre, é preciso que os filhos acreditem no que os pais dizem, pelo que se o pai ou a mãe lhe disser para ir para o quarto e ficar ali até que o chamem, deverá manter-se firme.

Lembre-se de que a sua credibilidade nestas matérias vale ouro. Assim, frases como “Se voltares a atirar os talheres para o chão, NUNCA MAIS vês televisão” podem minar a sua autoridade. Definir castigos e recompensas REALISTAS é a única via para o sucesso (leia-se, para ser respeitado).


FONTE - http://www.apsicologa.com/2009/06/infantocracia-quando-as-criancas-mandam.html 


Sobre a Autora - Cláudia Morais é Psicóloga, Terapeuta Familiar e de Casal, autora dos livros "Manual do Amor",
"O Problema não sou eu, és tu", "Os 25 Hábitos dos Casais Felizes", "Continuar a Ser Família Depois do Divórcio", "O Amor e o Facebook" e "Sobreviver à Crise Conjugal" e de algumas investigações já divulgadas em Congressos Nacionais e Internacionais de Terapia Familiar. Colabora regularmente com a imprensa escrita, rádio e televisão. Escreve em
 SIMPLY FLOW, a plataforma da apresentadora Fátima Lopes.

OBS - Grifo feitos por mim.

quinta-feira, 25 de maio de 2023

CHARGE... o que me diz?

 

A palavra CHARGE é de origem francesa e significa “carga”, algo que exagera traços do caráter de alguém ou de algo. Apresenta um tom reflexivo (ou não) a quem lê.










SOBRE O AUTOR - Arionauro da Silva Santos ( Arionauro ), cartunista e ilustrador. Começou sua carreira em 1986, e já publicou cartuns, charges, quadrinhos, ilustrações e passatempos em diversos meios de comunicação. Editou e participou de vários livros de humor. Foi premiado em diversos salões de humor, nacionais e internacionais. Atualmente, Arionauro colabora para vários jornais, revistas e sites no mundo.




sábado, 13 de maio de 2023

RECADO À MAMÃE - Américo Peixoto.

 

- De uma criança Pré-Escolar (3 a 5 anos)

  se ela soubesse escrever ou verbalizar.

 

Querida mamãe,

       Dizem que o segundo domingo de maio é o teu dia. Mas, tu me colocaste numa pré-escola onde venho aprendendo que todos os dias são da mamãe.

       Hoje, minha homenagem não é em prosa ou verso feitos pelos outros... Eu mesmo, “com palavras não sei dizer, como é grande o meu amor por você...”. Mas, quando chegar perto de você, poderá sentir que meu coraçãozinho bate forte se perceber que sou acolhido como benção em sua vida, ao contrário de algumas mães que me sentiriam como um peso ou um atrapalho.

       Quero te agradecer toda essa força divina, que a cada instante, deixas derramar sobre mim quando me amas, me cuidas e me escutas.

       Neste instante gostaria de te retribuir todos estes cuidados que me dás, mesmo já sabendo o que preciso ou quero, me deixas falar... pois, eu mesmo preciso me escutar... Assim, não me julgues desobediente, quando antes não me tiveres ensinado a escutar, me escutando.

       Quando me cuidas com carinho, eu também gostaria de te cuidar... Mas, tenho ouvido dizer que “quem ama cuida e, só cuida quem escuta...” Ensina-me a te escutar aprendendo a falar comigo.

       Imagino que no mundo de hoje fazer um filho feliz torna-se cada vez mais difícil. No entanto, se nós – os filhos – tivermos u’a MÃE QUE PRESTE, já teremos garantido grande parte deste êxito.

       Para que sejas minha MÃE DE VERDADE, preciso de teu amor incondicional e de ouvir a palavra NÃO... necessito também de limites.

       Então, preciso que me digas, várias vezes por dia, “mamãe ama você...” “você não é tolo...” mas, se quiser, pode fazer tolices, e , como ninguém gosta de criança tola, não irá gostar de você...ficará só eu gostando e, eu queria que todo mundo gostasse de você. Isto é amor incondicional. Há que me gostar sempre mesmo que não aceite o que eu faço. É como quando “deve-se amar o pecador, mas odiar o pecado”. Seu amor incondicional é o meu maior nutriente.

       Todavia, para te tornares mãe de verdade, precisas ainda me dizer a palavra não, sempre que necessário. Eu ainda não serei capaz de “entender”, mas perceberei internalizarei (sacarei), que até o fim de minha vida, alguém me precisará por limites: os médicos, por exemplo, e os guardiões da lei. Só nos tornaremos vencedores se nos ensinarem, a nós filhos, a vencer dores.

       Mãezinha, existem tantas coisas que eu gostaria ainda de te dizer e até outras de te pedir...mas, sei que sempre tens pressa e já deves ter te cansado com esta minha mensagem.

       No entanto, preciso também que me fales sobre um PAI MAIOR que mora num lugar bonito chamado Céu e que se esconde no coração de cada um daqueles que O procuram... Ensina-me a falar com ELE?!

       Conta-me como nascemos da vontade dEle para sermos felizes e termos alegrias... Que só viveremos até quando Ele quiser, posto que todo dinheiro do mundo não é capaz de nos conceder mais um dia de vida. Só o PAI do céu é o Senhor da vida e do bem.

       Se por acaso te esqueceres de religião, de igreja, de padres e pastores, jamais esqueças que Ele mora no teu e no meu coração... Ensina-me a conversar com Ele junto contigo, para agradecermos tudo que temos e tudo que somos.

       Com um beijo carinhoso do mais puro amor.

 

                                                     Teu/tua filho (a).

SOBRE O AUTOR -  Américo José de Castro Peixoto, nasceu em
Manaus-AM, em 1938, casado, estudou Filosofia, Pedagogia e Psicopedagogia.  É Bacharel em "Ciência da Educação" e pós-graduado em "Educação Inovadora, com Habilitação em Ensino Superior". Exerceu Magistério Superior e diversas funções de direção em órgãos públicos e privados. Há trinta anos, fundou o Núcleo de Estimulação da Criança-NECTAR, em Brasília, passando a dedicar-se, com exclusividade, ao atendimento psicopedagógico. Entre suas publicações impressas destacam-se: "Declaração de Compromisso do Professor para Ingressar no III Milênio" e "Caderneta de Poupança Emocional". Atualmente reside em Belém.  E-mail: ajpeixoto@uol.com.br

Entre suas publicações destaco: Toques & retoques: inflexões em psicopedagogia / Américo J C Peixoto. Editora Paka-Tatu, 2021. Belém-PA.  

Imagens da internet.