sexta-feira, 30 de maio de 2025

O QUE ME FAZ FELIZ?


Dando uma volta pelo Facebook, me deparei com um texto, que acredito... pode possibilitar reflexões sobre a importância do autocuidado e de ações saudáveis que possam nos trazer qualidade de vida, saúde física, mental, emocional, social e espiritual.

E sempre é tempo para ressignificar relacionamentos e responder com frequência a nós mesmos a pergunta: O QUE ME FAZ FELIZ? O texto a que me refiro é ...

"Comecei a viver aos 58 anos".

"Até os 58 anos, nunca imaginei que a vida pudesse ser diferente — sem uma rotina fixa de casa, compras, máquinas de lavar, almoços para preparar e silêncios para suportar.

Desde criança me ensinaram que, para uma mulher, o mais importante era se casar bem, ter filhos e manter a família unida. Não contradiga, não discuta, não reclame. E se sonhar — que seja em silêncio, porque sonhar não serve para nada.

Casei jovem, tive dois filhos. Fazia o papel de mãe, esposa, dona de casa. Lavava, passava, cozinhava, corria o dia inteiro.

Meu marido trabalhava. Voltava para casa cansado, comia em silêncio, sentava-se diante da TV. Depois começava a criticar: que eu era chata, que tinha me largado, que não tinha mais nada a dizer. Dizia que com mulheres como eu não se vive: apenas se empurra a vida.

E eu? Eu ficava calada. Porque “a família é sagrada”. Porque “é preciso ter paciência”. Porque minha mãe sempre dizia: “Tenha paciência. Você é esposa, é mãe”.

E eu tinha paciência. Esperava o dia em que os filhos seriam adultos, independentes, e então — talvez — minha vida começaria.

Até que um dia, ele foi embora. Sem escândalos, sem explicações. Levantou-se, fez uma mala e nunca mais voltou.

Fiquei sozinha. E, estranhamente, a primeira coisa que senti não foi dor. Foi silêncio. Um silêncio verdadeiro. Profundo. Um silêncio em que, pela primeira vez, ouvi a mim mesma. No começo, eu estava perdida. Não sabia mais quem eu era. Não lembrava do que eu gostava, do que realmente desejava. Andava pela casa como se fosse uma hóspede. Me perguntava quando foi a última vez que ri de verdade. Ou a última vez que acordei sem ter que correr para a cozinha preparar o café de todos.

Um dia, acordei — e não arrumei a cama. Fiz um café só para mim e sentei na varanda. Observei a luz entrando devagar entre as cortinas. Era uma coisa pequena… mas vi com admiração. Era só minha.

A partir daí, algo mudou. Me matriculei em um curso de inglês. Porque sim. Não para trabalhar, não para “ser útil”. Aprendi a usar o celular para comprar uma passagem de trem. Viajei. Sozinha. Pela primeira vez na vida.

Depois fui ainda mais longe. Vi o mar no inverno. O mar de verdade. Não o das fotos. Tinha um cheiro salgado, forte… tinha gosto de liberdade. Tirei os sapatos, sentei na areia úmida e pensei: “Por que esperei tanto?”

Uma vizinha me disse: “Você está louca? Viajar sozinha aos quase sessenta anos?” Sorri. Porque talvez, finalmente, eu não estivesse mais perdida. Eu tinha me encontrado.

Hoje vivo sozinha. Não porque ninguém me queira. Mas porque, pela primeira vez, eu me quero bem. Não tenho horários. Mas tenho vontade.

Não passo mais os dias no fogão. Agora passo horas em museus, trens regionais, livrarias, debaixo de um cobertor com um romance que deixei por anos no criado-mudo, porque “nunca havia tempo”.

Às vezes me olho no espelho. As rugas estão lá, claro. Mas os olhos são diferentes. Dentro deles há uma luz nova.

Porque aos 58 anos deixei de apenas sobreviver. E comecei a viver de verdade."



Fonte: facebook.com - 15min Portugal - Comecei a viver aos 58 anos. https://www.facebook.com/15minPortugal . Postado em 20/05/2025 às 14H40.