Dando uma volta pelo Facebook, me deparei com um texto, que acredito... pode possibilitar reflexões sobre a importância do autocuidado e de ações saudáveis que possam nos trazer qualidade de vida, saúde física, mental, emocional, social e espiritual.
E sempre é tempo para ressignificar relacionamentos e responder com frequência a nós mesmos a pergunta: O QUE ME FAZ FELIZ? O texto a que me refiro é ...
"Comecei a viver aos 58 anos".
"Até os 58 anos, nunca imaginei que a vida pudesse ser diferente — sem uma rotina fixa de casa, compras, máquinas de lavar, almoços para preparar e silêncios para suportar.
Desde criança me ensinaram que, para uma mulher, o mais
importante era se casar bem, ter filhos e manter a família unida. Não
contradiga, não discuta, não reclame. E se sonhar — que seja em silêncio,
porque sonhar não serve para nada.
Casei jovem, tive dois filhos. Fazia o papel de mãe, esposa,
dona de casa. Lavava, passava, cozinhava, corria o dia inteiro.
Meu marido trabalhava. Voltava para casa cansado, comia em
silêncio, sentava-se diante da TV. Depois começava a criticar: que eu era
chata, que tinha me largado, que não tinha mais nada a dizer. Dizia que com
mulheres como eu não se vive: apenas se empurra a vida.
E eu? Eu ficava calada. Porque “a família é sagrada”. Porque
“é preciso ter paciência”. Porque minha mãe sempre dizia: “Tenha paciência.
Você é esposa, é mãe”.
E eu tinha paciência. Esperava o dia em que os filhos seriam
adultos, independentes, e então — talvez — minha vida começaria.
Até que um dia, ele foi embora. Sem escândalos, sem
explicações. Levantou-se, fez uma mala e nunca mais voltou.
Fiquei sozinha. E, estranhamente, a primeira coisa que senti
não foi dor. Foi silêncio. Um silêncio verdadeiro. Profundo. Um silêncio em
que, pela primeira vez, ouvi a mim mesma. No começo, eu estava perdida. Não
sabia mais quem eu era. Não lembrava do que eu gostava, do que realmente
desejava. Andava pela casa como se fosse uma hóspede. Me perguntava quando foi
a última vez que ri de verdade. Ou a última vez que acordei sem ter que correr
para a cozinha preparar o café de todos.
Um dia, acordei — e não arrumei a cama. Fiz um café só para
mim e sentei na varanda. Observei a luz entrando devagar entre as cortinas. Era
uma coisa pequena… mas vi com admiração. Era só minha.
A partir daí, algo mudou. Me matriculei em um curso de
inglês. Porque sim. Não para trabalhar, não para “ser útil”. Aprendi a usar o
celular para comprar uma passagem de trem. Viajei. Sozinha. Pela primeira vez
na vida.
Depois fui ainda mais longe. Vi o mar no inverno. O mar de
verdade. Não o das fotos. Tinha um cheiro salgado, forte… tinha gosto de
liberdade. Tirei os sapatos, sentei na areia úmida e pensei: “Por que esperei
tanto?”
Uma vizinha me disse: “Você está louca? Viajar sozinha aos
quase sessenta anos?” Sorri. Porque talvez, finalmente, eu não estivesse mais
perdida. Eu tinha me encontrado.
Hoje vivo sozinha. Não porque ninguém me queira. Mas porque,
pela primeira vez, eu me quero bem. Não tenho horários. Mas tenho vontade.
Não passo mais os dias no fogão. Agora passo horas em
museus, trens regionais, livrarias, debaixo de um cobertor com um romance que
deixei por anos no criado-mudo, porque “nunca havia tempo”.
Às vezes me olho no espelho. As rugas estão lá, claro. Mas
os olhos são diferentes. Dentro deles há uma luz nova.
Porque aos 58 anos deixei de
apenas sobreviver. E comecei a viver de verdade."
Fonte: facebook.com - 15min
Portugal - Comecei a viver aos 58 anos. https://www.facebook.com/15minPortugal
. Postado em 20/05/2025 às 14H40.