sexta-feira, 12 de março de 2021

REFLEXÃO - Professores na pandemia: vidas são "obrigadas" a mudar!!!

Muitas vezes a forçada de barra para "esta mudança" são acompanhadas de ameaças diretas...


O textão da Quarentena

(E lá se vão duas semanas) 
                     De Kinha Fonteneles

Vai ser um textão do desabafo sim.
Acho que todo mundo passa por momentos de desespero de vez em quando. E se estamos em isolamento social, acho que esses momentos ficam mais rotineiros.

Essa foto não é de hoje.
Hoje eu estou bem. (Por enquanto)
Mas essa foto tem história.
Ela veio de uma crise de ansiedade depois não conseguir montar uma videoaula. E é sobre essas aulas que eu vim desabafar.


Eu tenho um total de 21 turmas. 
Em tempos comuns eu gasto - mais ou menos - 3 dias para montar aula, prova, exercícios e atividades.
Para conseguir dar aula para 21 turmas, eu fiz 5 anos de curso, mais 5 anos de faculdade mais duas pós.
Uma semana - contando 7 dias - se eu trabalho 3, às vezes 4 ou 5... Me sobra tempo para brincar com os cachorros, dormir, descansar, ler, ir para academia e fazer o que eu bem entender.

(Mas isso era antes da quarentena.)
No dia que essa foto foi batida, eu ouvi a seguinte frase (depois de pedir ajuda com programa de edição de vídeo): "Você tem que se virar sozinha. É tão simples, não é possível que vc não entenda." (A frase pode não ser essa ao pé da letra, mas sem dúvida o contexto é).

Eu não sou Youtuber.
Eu não sou blogueirinha.
Eu não ganho minha renda fazendo entretenimento virtual para outras pessoas.

EU SOU PROFESSORA.

E eu estudei muito pra chegar até aqui... E não fiz nada disso sozinha.
Hoje, para gravar uma aula de 25 minutos, para UMA turma eu demoro - entre fazer a aula, gravar e editar - um dia, um dia e meio. Agora é só fazer as contas... Com 21 turmas, quanto tempo eu perco na frente do computador?

Some isso ao fato de eu não saber, e ter que procurar tutoriais na internet.
Some ainda, estarmos todos em casa. Então é criança correndo pra lá pra cá (muitos professores, têm filhos, vcs sabiam?), gente chamando, o escritório ou ambiente de trabalho - que é dividido com outras pessoas que também estão em home-office. 

Some ainda a pressão de trabalhar mais e ouvir, que talvez, você tenha seu salário reduzido porque os pais dos seus alunos falam que você, professor, está em casa ganhando para fazer videozinho... 

Some a pressão da própria quarentena.
Quanto tempo me sobra apenas para respirar? Porque sim, brincar com os cachorros, ler e descansar... Eu já desisti.
Exigir que a gente aprenda outras coisas do dia para noite é cruel.

E eu entendo que a roda não pode parar de girar, e que os alunos têm que ter aulas... E que a vida continua.
Eu não quero férias.

NÃO SÃO FÉRIAS!!!
Eu quero empatia.
Eu quero que as pessoas entendam, que a gente está correndo contra o tempo pra deixar tudo pronto prós filhos de vocês. Que estamos trabalhando o triplo.

E que estudamos muito para chegarmos a professores. Dar aula não foi do dia pra noite. 

Aluno, olhe pro seu professor com mais carinho.
Pai, mãe... Não diga que o professor do seu filho tá em casa sem fazer nada.

Familiares, entendam que nós vamos precisar de ajuda.
Escolas, valorizem seus profissionais.
A quarentena vai acabar. E qual é a lembrança que você quer levar dela?


Fonte do texto: Facebook - Kinha Fonteneles (29 de março de 2020) 

3 comentários:

  1. Tenho recebido muitas mensagens de professores que se identificam com a postagem.

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    1. Sem dúvida essa é a nossa realidade. A burocracia que se instalou na educação, vem tirando a nossa paz como professores. A ansiedade tem sido a companheira diária de Todos nós educadores. Muitos de nós já estão em uso de calmantes... Tenho tanto a dizer...mas é inútil.

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    2. Ouvimos muitos "defenderem" o respeito ao outro, mas o EXERCÍCIO deste respeito ainda necessita ser visto em muitos espaços!
      Grata por compartilhar teu pensamento sobre este momento.

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