Dalva e Ângela, duas presenças amigas que amaram os idosos , numa época anterior às condições atuais do Dr. Thomas.
O sucesso de gestão , como diretora de escola , convenceu o prefeito a convida-la ao cargo e a mobilizar forças para a recuperação do abrigo Dr. Thomas. Dalva fez resistência pesada para não aceitar, mas orou o suficiente para pelo menos ir conhecer.
Conduzida pelo próprio Prefeito, ao entrar no abrigo sentiu o impacto com lágrimas , quando viu as condições deprimentes em que se encontrava. Entendeu tudo como aceno de Deus: "Fica aqui e torne esse lugar humano. Traga sua luz, Dalva, para clarear com sua estrela todo o amanhecer dessas noites tristes por aqui".
A experiência do abandono, da fome e do descuido dos idosos tornaram-se seu primeiro traçado de gestão.
Começou pela busca da composição de sua equipe de apoio , que sintonizaria com sua compaixão e generosidade.
Em seguida, formou uma dupla ativista com a Ângela Peixoto e foi à procura da sustentabilidade junto a empresas do Distrito Industrial de Manaus.A partir de então, a Fundação começou a escrever novas histórias na vida de muitos pobres , que finalizaram seus dias sem família.
Sim, uma estrela no final dos anos 80 pousou na casa de Idosos Dr. THOMAS , irradiando um brilho com ternura e valorização de cada acolhido.
A estrela Dalva veio com um anjo que se chamava Ângela Maria de Castro Peixoto. Minha irmã , que com suas asas mansas e generosas , pousou para curar a solidão e o abandono de homens e mulheres, no ocaso de suas vidas.
Lembro-me dos nomes carinhosos que minha irmã Ângela e Dalva Vieira pronunciavam com carinho.
Era impactante para mim , quando me falavam de algum dos moradores que seguia para Deus.
O abrigo podia se tornar um encanto de lugar que precisava de gente devotada ao cuidado, à escuta e à paciência.
Bem poderia ser apenas um lugar de emprego comissionado e uma ocupação funcionalista, ausente de propósitos.
Não conheço, nem julgo a história anterior dos administradores, das condições políticas, nem dos sentimentos humanos que habitavam no coração dos antigos gestores e de suas equipes de servidores. Entretanto, o fato real foi que não havia ainda a legislação atual que floriu com os direitos da Terceira Idade, mas que certamente foi ensaio e prática daqueles que, em tempos anteriores, viveram e disseminaram a dignidade e o respeito aos idosos, como sujeitos de direitos e não como descartáveis e obsoletas criaturas, para o apressamento da morte.
Para nós, civilizados como aprendizes das culturas ancestrais que povoaram esse chão, nunca nos restou dúvidas da sabedoria dos mais velhos. Sabedoria que chegou a nós e onde bebemos na fonte originária, em forma de remédios caseiros, de lendas e mitos reveladores de segredos da floresta e da preservação dos rios, dos lagos e dos animais.
Em contexto de Aldeia "primitiva" não vem mais a ideia do preguiçoso selvagem, do velho inútil e cansado, nem da criança imbecil que só da trabalho para criar.
Dito isto, sonhamos com a atual Fundação Dr. Thomas fidelizando-se na intenção inicial de seu fundador Harold Thomas e nos rastros da Dalva Pereira Vieira e de Ângela Maria de Castro Peixoto que esta crônica homenageia.
1. Crianças e idosos em interação, uma vez que o abrigo e a educação infantil estão no mesmo território da Fundação Dr. Thomas;
2. Comunidade, famílias e professores, em participação amistosa com os abrigados e os pais das crianças engajadas na dinâmica da escola;
3. Natureza e os espaços abertos dos caminhos, brinquedos, árvores e flores e tantos projetos diversos como conteúdo de aprendizagem e sustentação da vida;
4. O potencial recreativo é cultural, artístico e de saúde para todos os envolvidos aprenderem a conviver com tolerância e sem preconceitos;
5. A unidade das ações promotoras da Paz e da Fraternidade como fermento da transmissão da sociedade na redução da desigualdade social.
Enfim, Estrelas e Anjos sejam sempre chamados a assumir no seu tempo a responsabilidade social. Construam novas constelações nos céus da Justiça e com a Ternura das asas santas reacendam o fogo da solidariedade.
(NP-30.04.21).
Sobre o Autor - Nelson Peixoto - Filósofo, Contador de histórias, Escritor de artigos de sua experiência de vida. Foi conselheiro de Direitos da Infância, Professor universitário, Gestor das Aldeias Infantis SOS Brasil, por 26 anos, em Manaus e Brasília onde se empenhou com dedicação ao fortalecimentos de laços entre as crianças, os jovens e as famílias em situação de risco e vulnerabilidade social.