terça-feira, 30 de novembro de 2021

AMOR AOS ESTUDOS (II)


Para que crianças e jovens rendam nos estudos é preciso lembrar que não é indispensável concentrar-se durante horas em uma matéria. É muito mais profícuo alternar breves sessões de diferentes disciplinas. E, não faz sentido obrigar quem estuda a permanecer fechado sempre no mesmo ambiente: ao se mudar de local há uma maior probabilidade de se memorizar aquilo que se lê. (...).

Enfim, não deveríamos considerar os temidos exames como testes esporádicos. Seria mais frutífero pensar os testes como sendo uma rotina de estudo, pois mais se verifica, mais se memoriza. Essas são algumas das surpreendentes conclusões de pedagogistas e psicólogos dos últimos anos. 

Para obter o máximo dos estudos é importante que os docentes deixem os ensinamentos em concreto, dando exemplos que os jovens conheçam, mostrando-lhes como aplicar aquilo que aprenderam na vida do dia-a-dia. 

Um papel importante é o da família. Para ajudar a recordar os pais devem colaborar, interessando-se, falar sobre as lições, exprimir entusiasmo e ajudar nas tarefas de casa quando necessário. Além disso há a brevidade das sessões de estudo, alternância das matérias e dos ambientes e os testes muito úteis por levar a uma melhor concentração, ajudam a fixar os conceitos, especialmente se aplicados à breve distância de tempo e desde que se tenha aprendido a matéria em questão. 

Todos amam aprender coisas novas, mas se a explicação é muito complicada ou muito elementar nos farta. É portanto fundamental que os docentes mantenham um nível de dificuldade muito próximo ao da capacidade de aprendizagem individual. Todos os estudantes devem fazer a sua parte. O importante é organizar o estudo, pois ao não conseguir acompanhar, surge a frustração e há tendência ao desinteresse. 

Por isso o estudante, se for suficientemente crescido, deve planejar os estudos da semana e aprender a geri-los. Se a criança for pequena, é necessário que seja habituada a subdividir o esforço em tempos certos. E isso leva ao conceito mais importante: a escola deve ser vivida por todos: estudantes, pais e professores em modo ativo, pois só assim é mesmo útil. 

Dicas para Amar os Estudos 

1 - Não estudar quando se está muito cansado ou se não está bem alimentado. 
2 - Concentrar-se no essencial, melhor se num lugar tranquilo. 
3 - Estudar em modo ativo. Procurar relacionar com outras matérias e com a experiência pessoal. 
4 - Tomar notas ou sublinhar e formular perguntas sobre o que foi lido. 
5 - Quando nos preparamos a um teste, responder perguntas formuladas por nós. 
6 - Repassar periodicamente a matéria: ajuda a fixar as noções. 
7 - Não ter medo de perguntar ao se ter dúvida ou quando não se tenha entendido completamente a matéria. 
8 - Os pais devem trocar impressões com os professores, que tem a experiência com muitos estudantes. 


FONTE - Psychologies Magazine Outubro 2010 - IN: https://consultoriodepsicologia.blogs.sapo.pt/102003.html

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

O amor aos estudos (I)


Às vezes, parece uma bobagem falar em amor aos estudos. E mesmo que muitos procurem fazer isso parecer ridículo, em algum momento, se contradizem. Primeiro de tudo, não é amor a uma atividade em si mesma, é uma figura de linguagem falar “amor aos estudos”. Pois a atividade de estudar não é o fim dela mesma, nem faz sentido ser assim. 

Nem, se falarmos em “arte pela arte”, temos um sentido literal, porquanto esta atividade, pautada numa visão moderna, compreende o uso de técnicas e inspirações dirigidas a algo para fora de si. E é sempre assim. Empreendemos nossa criatividade e inteligência em busca de tesouros escondidos num espaço separado do mundo material. Do mesmo modo, dizemos ‘amor’ também porque está acima da busca dos prazeres. Sabemos, porém, que nem todo trabalho desse tipo se inicia com uma forte decisão. 

Este impulso e, depois, amor pode ser resultado da nossa própria contingência humana. No início da vida, admiramos os mais velhos, sua altura, força e as capacidades que possuem; e isso tudo já têm alguma beleza e superioridade, porque somos pequenos diante de certas situações: nossos movimentos são brutos, sem suavidade, imprecisos, nossa fraqueza não nos permite agarrar firmemente os objetos e nossas observações não compreendem olhares e gestos que à volta são trocados. Isso explica por que, quanto mais nos tornamos participantes da vida dos adultos, mais sentimo-nos orgulhosos. E se meditarmos mais ainda, perceberemos que estamos sempre nesta condição com relação aos sábios; o que, no entanto, é mais difícil de notar ou, para alguns, de admitir. 

Os sábios, portanto, ou aqueles que estão à frente, possuem algo que não temos, um domínio acima das nossas capacidades. Eles nos mostram belezas e verdades que não possuímos em nossos hábitos e conhecimentos. Por conseguinte, estudamos porque também queremos participar dessas belezas e conhecer estas verdades, de um mundo ainda bastante misterioso, mas belo, sem dúvida. 

Assim vemos, na arte literária, Ovídio, que trocou o futuro para o qual estava inclinado pela arte poética, unindo-se aos célebres escritores de sua época, porque encontrou na música as belezas das quais carecia; Plauto, depois de tentar a vida de mercador, acabou por conquistar os corações das plateias, tornando-se autor de muitas peças; e, muito tempo antes, os primeiros aedos iam de encontro às coisas divinas, dos quais muitos, de família nobre, trocavam a promessa de riqueza material por um tipo de sacerdócio. 

O amor aos estudos sempre tem algo desse caráter: um esforço por aquilo que não se troca por prazeres instantâneos. Por fim, pensemos nessa atividade como um jardim que construímos para uso próprio, o qual ainda continuaremos cuidando, mesmo que ninguém o saiba. 




 FONTE - https://www.scholaclassica.com/2021/05/13/o-amor-aos-estudos/