Depois de algum tempo, sem olhar o facebook,
encontrei este texto de autoria desconhecida, postado em “Fãs da Psicanálise -
@FasDaPsicanalise - Serviço de saúde mental”.
Senti um misto de emoções (que acredito), serão
sentidas pelos que comigo partilharam/vivenciaram esta época.
Eis o texto...
"Acho que um dos momentos mais tristes da
nossa vida é quando a porta da casa dos avós se fecha para sempre, ou seja,
quando essa porta se fecha, encerramos os encontros com todos os membros da
família, que em ocasiões especiais quando se reúnem, exaltam os sobrenomes,
como se fosse uma família real, e, sempre carregados pelo amor dos avós, como
uma bandeira, eles (os avós) são culpados e cúmplices de tudo.
Quando fechamos a casa dos avós, também terminamos
as tardes felizes com tios, primos, netos, sobrinhos, pais, irmãos e até
recém-casados que se apaixonam pelo ambiente que ali se respira.
Não precisa nem sair de casa, estar na casa dos
avós é o que toda família precisa para ser feliz.
As reuniões de Natal, regadas com o cheiro a tinta
fresca, que cada ano que chegam, pensamos “...e se essa for a última vez”? É
difícil aceitar que isso tenha um prazo, que um dia tudo ficará coberto de
poeira e o riso será uma lembrança longínqua de tempos talvez melhores.
O ano passa enquanto você espera por esses momentos,
e sem perceber, passamos de crianças abrindo presentes, a sentarmos ao lado dos
adultos na mesma mesa, brincando do almoço, e do aperitivo para o jantar,
porque o tempo da família não passa e o aperitivo é sagrado.
A casa dos avós está sempre cheia de cadeiras,
nunca se sabe se um primo vai trazer namorada, porque aqui todos são
bem-vindos.
Sempre haverá uma garrafa térmica com café, ou
alguém disposto a fazê-lo.
Você cumprimenta as pessoas que passam pela porta,
mesmo que sejam estranhas, porque as pessoas na rua dos seus avós são o seu
povo, eles são a sua cidade.
Fechar a casa dos avós é dizer adeus às canções com
a avó e aos conselhos do avô, ao dinheiro que te dão secretamente dos teus pais
como se fosse uma ilegalidade, chorar de rir por qualquer bobagem, ou chorar a
dor daqueles que partiram cedo demais. É dizer adeus à emoção de chegar à
cozinha e descobrir as panelas, e saborear a 'comida da nona, oma, vó, ...'.
Portanto, se você tiver a oportunidade de bater na
porta dessa casa e alguém abrir para você por dentro, aproveite sempre que
puder, porque ver seus avós ou seus velhos, ficar sentado esperando para lhe
dar um beijo... é a sensação mais maravilhosa que se pode ter na vida.
Descobrimos que agora nós temos que ser os avós, e
nossos pais se foram, nunca vamos perder a oportunidade de abrir as portas para
nossos filhos e netos e celebrar com eles o dom da família, porque só na
família é onde os filhos e os netos encontrarão o espaço oportuno para viver o
mistério do amor por quem está mais próximo e por quem está ao seu redor.
Aproveite e aproveite a casa dos avós, pois chegará
um tempo em que na solidão de suas paredes e recantos, se fechar os olhos e se
concentrar, poderá ouvir talvez o eco de um sorriso ou de um grito, preso no
tempo. De resto, posso dizer que ao abri-los, a saudade vai pegar você, e você
vai se perguntar: por que tudo foi tão rápido? E vai ser doloroso descobrir que
ele não foi embora … nós o deixamos ir …"
FONTE - “Fãs da Psicanálise - @FasDaPsicanalise - Serviço de saúde mental”. Texto: autoria desconhecida.
FOTOS - Casa de meus avós, de minha/nossa infância. Chamada por nós de "Casarão". Depois de vendida, passou por alguns donos, sendo demolida e hoje é usada como estacionamento.
Conheci o "casarão", faço parte da garotada que brincava por lá. Obrigado por me fazer recordar daquela época.
ResponderExcluirFico feliz em saber. Grata.
ExcluirO autor tem muita sensibilidade... e parece contigo.
ResponderExcluirGrata, Auxiliadora.
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