segunda-feira, 19 de junho de 2017

Pais: Dêem um basta à súplica para que o filho passe de ano (Içami Tiba)

Seu filho não tem que ser aprovado e sim aprender o que lhe é ensinado. Nosso cérebro aprende perfeitamente neste binômio pergunta-resposta, não importa a ordem. Não se aprende com uma pergunta sem resposta nem com uma resposta sem se saber da pergunta. Os pais têm que acompanhar de perto os estudos dos filhos, não permitindo que costumes populares tão arraigados na cultura estudantil brasileira tomem conta deles.


Os conceitos contemporâneos de educação formam hoje um novo paradigma: o da Alta Performance. É fazer e pensar o melhor possível para o bem da humanidade e da preservação das condições de vida no planeta. Deve-se usar sempre o seletor de pensamentos para escolher os melhores dentre os 60.000 que temos a cada dia, dos quais 95% são simplesmente repetitivos. São 55 pensamentos por segundo para quem dorme 8 horas por dia. Para se fazer o melhor possível uma pessoa tem que ter conhecimentos atualizados e a prática do aprender sempre. A obsolescência é um atraso de vida.

Os pais devem saber que decoreba não é aprendizado, mas sim um material colocado pronto no cérebro que não é assimilado pelo corpo do conhecimento, pois é perecível e descartável. Ele perece após a prova, sendo ou não usado. A memória retém o conteúdo até o término da prova, após a qual ele é deletado. Quando se registra em algum lugar o número do telefone, este desaparece da memória.

Para aprender, o aluno tem que estudar corretamente e descobrir sua finalidade, que é encontrar o significado daquela matéria estudada. É impossível os pais estudarem pelo filho ou controlarem a mente dele. Os pais podem até obrigar o filho a estudar, mas o que ele faz na mente dele, só a ele pertence. Os pais têm como exigir resultados e isto dá trabalho, mas é fácil.


O filho tem o dever de estudar em casa as matérias que os professores passaram em aula diariamente e não somente nas vésperas das provas. O filho pode descobrir qual o melhor meio para estudar, mas que faça um resumo de três linhas sobre o que estudou, usando em média 50 palavras próprias.

A quantidade, em média 50 palavras, é suficiente para desenvolver uma ideia com começo, meio e fim, usando resumidamente algumas explicações básicas. É quase um terço das 140 palavras que se usa no Twitter, serviço de microblogging em que mensagens curtas e rápidas são trocadas na internet. A qualidade das próprias palavras sem usar nenhuma do texto estudado é para que o corpo do conhecimento que assimilou o conteúdo, use-o pela primeira vez no texto não como repetição, mas como uma experimentação. Quem não conseguir usar as próprias palavras é porque não fez a própria assimilação e "decorou" o texto. Só se consegue expressar desta maneira quem realmente tenha assimilado.

A grande novidade deste método de Alta Perfomance de Estudo é descobrir onde e como aplicar o que estudou. Isso deve também estar resumidamente escrito como observação além do texto, no próprio resumo, como se fosse um item "Como ou quando usar". Assim, o cérebro completa o binômio pergunta-resposta para completar um conhecimento.

Cobrar este resumo é fácil. Basta que o filho envie pelo celular como SMS, e-mail etc. Os pais estão preparando o filho para serem responsáveis sem deixar nada para depois.

Cobrar que os filhos cumpram com suas obrigações é um gesto de amor, e quem ama, educa. Se o filho é mole, a cobrança tem que ser firme. Ele não poderá fazer qualquer outra atividade (sair, "internetar", dormir, etc) sem antes cumprir sua tarefa do dia. Caso ele durma sem tê-la feito, cabe aos pais acordar o filho para que faça. Poupar o filho "já que ele dormiu" é dar marcha ré no processo do aprendizado responsável. Acordar o filho não é ruindade mas muito amor para poder dissolver a preguiça mental e corporal que mina qualquer educação e atrasa o Brasil.

  
Imagens da internet.

Sobre Içami Tiba - nasceu em Tapiraí/São Paulo em 15 de março de 1941; faleceu em São Paulo em 2 de agosto de 2015 - foi médico psiquiatra, psicodramatista, colunista, escritor de livros sobre Educação familiar e escolar e palestrante.
DESTAQUES

[...]. Para aprender, o aluno tem que estudar corretamente e descobrir sua finalidade, que é encontrar o significado daquela matéria estudada

[...] descobrir qual o melhor meio para estudar [...]

[...] desenvolver uma ideia com começo, meio e fim [...]

[...] use-o pela primeira vez no texto não como repetição, mas como uma experimentação[...]

[...]. Só se consegue expressar desta maneira quem realmente tenha assimilado.

[...] descobrir onde e como aplicar o que estudou.

[...] processo do aprendizado responsável.
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