O
tema que aqui apresento já foi escrito e apresentado por mim em
muitos encontros com professoras, pais e instituições de educação.
Embora não seja um tema novo, ele se repete a cada ano com sua
pseudomagnitude e relevância em instituições de Educação
Infantil públicas e privadas.
Este
ano não foi diferente. Mesmo que muitas instituições propaguem
metodologias inovadoras, o que muitas vezes vemos são contradições
entre o que dizem e o que fazem nestes espaços. Costumo dizer que o
profissional que fala em alto e bom som que “a teoria é uma
coisa e a prática e outra” deveria falar bem baixinho, ou
seria melhor nem falar, pois isso diz MUITO do profissional que É.
Teoria
e prática numa instituição de Educação Infantil (ou não) têm
que ter coerência entre saberes e fazeres, que deveriam estar
expressos em sua proposta pedagógica.
Do
que estou falando? Das “formaturas” na Educação Infantil, dos
“formandos do ABC”, dos “doutores do ABC”. E porque estas
festas se repetem ano a ano? Os motivos e justificativas são
diversas. Dentre muitas falas, localizamos os seguintes: porque é
“bonitinho”, "as famílias querem e cobram", "é o final de uma
etapa"...
Vamos
ver o que os dicionários nos dizem sobre “formatura”: [1] – A
colação de grau, popularmente chamada de formatura, é o
momento em que, após cumprir as exigências curriculares de
seu curso de
graduação, o aluno recebe o grau acadêmico de bacharel ou de licenciado, o qual lhe outorga os direitos e deveres profissionais, sendo imprescindível para o exercício das profissões...; ainda: A palavra formatura deriva de formar-se ou formação. A ‘formatura’ é uma cerimônia festiva de conclusão de um curso. É a conclusão de uma etapa da vida que transformou um grupo de pessoas. Nesse sentido, as formaturas podem ser vistas também como rituais de passagem: celebrações que marcam mudanças de fase de uma pessoa na sua comunidade e na sua formação. Os ritos de passagem podem ter caráter social, comunitário ou religioso. Mas, em geral, representam a marca de momentos importantes na vida das pessoas.
graduação, o aluno recebe o grau acadêmico de bacharel ou de licenciado, o qual lhe outorga os direitos e deveres profissionais, sendo imprescindível para o exercício das profissões...; ainda: A palavra formatura deriva de formar-se ou formação. A ‘formatura’ é uma cerimônia festiva de conclusão de um curso. É a conclusão de uma etapa da vida que transformou um grupo de pessoas. Nesse sentido, as formaturas podem ser vistas também como rituais de passagem: celebrações que marcam mudanças de fase de uma pessoa na sua comunidade e na sua formação. Os ritos de passagem podem ter caráter social, comunitário ou religioso. Mas, em geral, representam a marca de momentos importantes na vida das pessoas.
Se
nos detivermos somente a estas definições, já teríamos motivos
para justificar que na Educação Infantil não poderia ter festa de
formatura e nem de doutores do ABC, porque as exigências
curriculares são outras para o desenvolvimento infantil, porque não
é conclusão de curso e nem etapa final. Pelo contrário é a
primeira etapa da Educação Básica. E por que não fazer esta
festa? Porque profissionais da infância não podem desenvolver ações
por ser “bonitinho” e só porque as famílias cobram. Estas
atividades/ações devem ser realizadas pela relevância pedagógica
e por fazer parte da proposta pedagógica e porque cabe à
instituição apresentar para as famílias a importância da
realização ou não destas.
Por
outro lado, cabe e é importantíssimo comemorar a cada final de
ano, as conquistas adquiridas no processo vivenciado neste
caminhar, com apresentações de atividades, danças, exposições de
trabalhos etc. A participação das crianças no planejamento desta
festividade é muito interessante.
Cabe
ainda uma grande festa, para aqueles que estão saindo da pré-escola
(mesmo em instituições que tenha os outros segmentos da Educação
Básica), antecedida inicialmente por encontros com pais e crianças
para conversas
sobre a transição de atividades e espaços, com escolha e visita a
outra instituição e finalizando com uma grande celebração com
significado para a criança, para a família e para a instituição,
onde todos se sintam prestigiados e pertencentes ao processo
vivenciando antes, durante e depois (guardados principalmente na
memória) e que possibilite à criança boas expectativas diante das
etapas futuras, por ter desenvolvido autonomia e outros aspetos do
desenvolvimento integral.
É
importante destacar que o centro desta grande celebração deverá
ser a CRIANÇA (e não os motivos citados acima) e neste caso é
preciso lembrar que
para a criança comemoração está intimamente ligada a alegria e
brincadeiras. Como “certificação”, além do que estará
guardado na memória e no coração de todos, poderiam receber fotos
do grupo, texto dos professores, álbum de atividades e/ou de fotos,
registro do que querem lembrar sobre o que viveram na educação
infantil.
Assim,
todo fazer liga-se (ou não) a saberes, mas sempre
sinalizam as concepções, sejam sobre infância, criança,
currículo da Educação
Infantil e
aprendizagens. Daí a necessidade dos educadores da
infância embasarem seus fazeres em ações que tenham
sustentações teóricas e clarificar concepções para realmente
contribuir com o desenvolvimento da criança, que é realizado no
brincar, que é “(...) conteúdo sério da vida (...) [2]” e
por este motivo é coisa séria.
Grifos feitos por
mim.
[2]
[...] Para o adulto, brincar é brincadeira, é um prazer que
acrescenta à vida. Para a criança, o brincar é o conteúdo sério
da vida. A criança leva seu brincar a sério; a característica do
brincar infantil é que ele é sustentado pela seriedade. Só quem
compreende a seriedade compreenderá o brincar da maneira correta.
[...] – Rudolf Steiner. In: Pedagogia,
Arte e Moral. Tradução
Christa Glass. Coleção Temas Especiais, 2008.
* Imagens da internet.
UaU!!! vou refletir sobre tua postagem. Eu dizia que "é muito lindo" e nunca tinha pensado que é a primeira etapa da Educação Básica.
ResponderExcluirPôxa!!! Interessante.
Que bom que gostou!!!
ExcluirDando uma passeada nas postagens de teu blog, encontrei esta reflexão com gosto de "puxão de orelha" que me fez pensar sobre esta "festa" da qual fui grande defensora. Mas.. . Sempre é tempo de aprender. Obrigada.
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