Muito se tem discutido sobre alfabetização, letramento, o despertar do prazer pela leitura/escrita e as relações com o desenvolvimento
das capacidades de compreensão e valorização da cultura escrita, da apropriação
do sistema de escrita/leitura, da produção escrita e do desenvolvimento da
oralidade em crianças, jovens e adultos.
A necessidade de ressignificação de saberes que se relacionam a esta temática é visível, pois com muita
freqüência se observa equívocos conceituais nas falas e nos fazeres dos que estão
responsáveis 'mais diretamente' em mediar estes saberes.
Ao perguntarmos à professores, sobre o método utilizado por eles para o desenvolvimento destes saberes, a resposta nos surpreende pois estes, citam os ‘nomes de cartilhas’, o que certa forma, pode sinalizar o desconhecimento de que ‘cartilhas’ (quando usadas), são
‘ferramentas’ de um método e/ou processo.
Tenho participado de momentos
formativos sobre o tema “Métodos e processos
de alfabetização: saberes necessários à formação do professor”. Recentemente, apresentei esta proposta temática, para professores de duas escolas (municipal e
particular).
Nas duas unidades de ensino, iniciei a proposta formativa propondo a ‘leitura de imagens’ que seriam apresentadas nos slides.
A seguir apresentei alguns
teóricos que tratam da temática: Emília Ferreiro, Ana Teberosky.
Magda Soares, Mary Kato, Ângela Kleiman e Leda Tfouni.
Dodestacando a fala de
Emilia Ferreiro[1] que em
entrevista, rejeita o uso do termo ‘letramento’ por ser atribuído a ‘alfabetização’ a função de decodificar e
‘letramento’ a de estar em contato
com vários tipos de texto, com compreensão do que foi lido. Segundo a autora,
este entendimento ‘é um retrocesso’ e
dá “razão à velha consciência fonológica”.
Neste sentido, Emilia Ferreiro, se nega a aceitar que a alfabetização seja
entendida como momento inicial da percepção da função social do texto.
A linha de pensamento, sistematizada para minha fala, teve os seguintes destaques:
LETRAMENTO
ü
Palavra inglesa “literacy” - traduzida
como “condição de ser letrado”;
ü
Ser alfabetizado em um contexto onde leitura e
escrita tenham sentido;
ü Saber ler e escrever, e responder adequadamente
às demandas sociais da leitura e da escrita.
ALFABETIZAR - LETRAR
ü
Ler e escrever no contexto das práticas sociais
da leitura e da escrita.
ALFABETIZAÇÃO – LETRAMENTO
ü A linguagem é um fenômeno social, estruturada de
forma ativa e grupal do ponto de vista cultural e social.
ü Mudar uma concepção não é e não pode ser
considerada como fato simples.
ü Proposta de mudança de conceitos relacionados à
alfabetização.
§ Se aceitos, deverão vir acompanhados de mudanças
também nas escolhas metodológicas e nos procedimentos didáticos.
QUESTIONAMENTOS...
ü
Como alfabetizar pelos métodos ‘inovadores’?
ü Os ‘tradicionais’ diziam como fazer! Nos
inovadores por onde começar e por onde terminar?
ü
De que método inovador se fala?
ü O que norteia a ação do professor no tradicional
e no inovador?
ü Se no ‘inovador’ não se sabe onde começar nem
onde terminar... E no ‘tradicional’ tendo um “direcionamento”, por que alguns
professores (e não são poucos) se dizem inovadores e têm praticas
contraditórias à suas falas? Por que ainda assim, não querem ser conhecidos como
tradicionais?
UM GRANDE QUESTIONAMENTO:
ü O que poderá estar ocasionando um grande número
(índices) de crianças, jovens e adultos analfabetos funcionais?
§ Terminologia - sugerida nos anos 70, pela UNESCO
- identificar pessoas que mesmo lendo e escrevendo, não utilizavam de forma
satisfatória a leitura e a escrita
§ Iletrado - aquele que não é letrado
ANÁLISE E SÍNTESE
ü
Capacidades IMPORTANTES no processo de
alfabetização
§ A ação pedagógica deve estar atenta ao
desenvolvimento destas capacidades
Desenvolvimento de Capacidades(!!??) |
MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO
RELACIONADOS À LÍNGUA ESCRITA
ü
Ênfase a análise e/ou a síntese
§ Há autores que defendem um terceiro método [utiliza no processo a análise e a síntese alternadamente] denominado de várias formas – eclético, misto, natural, etc.
§ Há autores que defendem um terceiro método [utiliza no processo a análise e a síntese alternadamente] denominado de várias formas – eclético, misto, natural, etc.
MÉTODO ANALÍTICO
ü Ênfase ao processo de compreensão de sentido, de
análise - trabalha através da progressão pedagógica - das unidades mais
complexas [o texto, a palavra, a frase] até as unidades mais simples [sílabas e
sua decomposição grafemas e fonemas]
§ É também denominado de global
PROCESSOS DO MÉTODO ANALÍTICO
ü Conto
- considera o texto como ponto de partida para chegar às unidades mais
simples – letras.
ü Palavração - decompõem a palavra em
silabas.
ü Sentenciação - decompõem a sentença em
palavras
§ BUSCA, capacidades relacionadas ao estímulo à
leitura com sentido e o reconhecimento por parte da criança, jovem e adulto,
não só da letra mas do que está sendo lido
MÉTODO SINTÉTICO
ü Ênfase ao processo de síntese e ao
desenvolvimento da consciência fonológica.
ü Letras - grupo de letras – fonemas –
sons/unidades sonoras – precedem as unidades mais complexas
§ VALORIZA a progressão da letra/fonema/silaba,
para chegar às palavras/frases/textos
PROCESSOS DO MÉTODO SINTÉTICO
ü Alfabético ou Soletração - Deu origem ao
termo “alfabetizar”.
§ Valoriza a relação do nome da letra com o som -
nome das letras e suas formas, maiúsculas e minúsculas, em seqüência alfabética.
ü Silábico - A unidade fonética é a sílaba.
ü Fônico - Vai das partes para o todo. A unidade mínima de análise é o som.
MÉTODO ANALITICO/ SINTÉTICO
ü Seguidos “a risca”, com excessiva diretividade e
sem considerar o entorno de quem aprende, encobre problemas que poderão
aparecer mais tarde (às vezes nem tão tarde).
PROBLEMAS (Por desconsiderar):
ü Outras habilidades que não sejam de
memorização;
ü A própria
linguagem, nas situações em que exige capacidades argumentativas;
ü Momentos oportunos para desenvolver as
funções psíquicas superiores e a internalização das argumentações e
contra-argumentações, frutos da atividade do pensar sobre – refletir – e da tomada
decisão.
ü Outras formas de linguagens – escrita,
pictórica, musical, etc.
ALGUMAS LIMITAÇÕES -
ANALÍTICO/SINTÉTICO
ü Leitura soletrante, sincopada.
ü Não possibilita a autonomia e a descobertas.
ü Dependente do professor.
ü Excessivamente expositivo e repetitivo.
ü Material didático muitas vezes não é
interessante e nem versátil.
ü Escolha de 23 palavras – geralmente padrão e
desvinculada da vivencia de quem aprende.
ü Outras.
AMBIENTE ALFABETIZADOR
ü
MESMO QUE:
§ A criança não saiba ler...
§ A criança “brinca” que está lendo.
§ O professor(a)deve ler histórias ( e não só
contar).
§ A criança não saiba escrever...
§ Faz rabiscos e diz que é uma carta ‘escrita’
para alguém.
§ O
professor(a) deve valorizar suas iniciativas
ü
IMPORTANTE
§ Substituir métodos e processos ‘tradicionais e
artificiais’ por livros, por revistas, por jornais, por materiais de leitura
que circulam na escola e na sociedade, etc.
§ A criação de situações que tornem necessárias e
significativas práticas de produção de textos.
ü
INTENCIONALIDADE
§ O SABER.
§ AS APRENDIZEGENS.
§ Ler, Interpretar, Escrever, Preencher, Redigir,
Opinar...
· Jornais,
revistas, livros, tabelas, quadros, formulários, carteira de trabalho, contas
de água, luz, telefone, escrever cartas, bilhetes, telegramas, e-mail, poema,
formulário, redigir ofício, requerimento e outros.
A apresentação dialogada sobre a
linha de pensamento traçada, possibilitou considerações reflexivas e
questionamentos sobre os pontos destacados e sobre as imagens apresentadas. Entre esta imagem, estavam aquelas que possibilitam a atividade de analise e síntese,
para crianças antes do ensino fundamental.
Por fim, poder visualizar a ressignificação de saberes,
não somente dos professores que desenvolvem suas praticas com ‘turmas de 1º ano’, mas também
dos profissionais da infância, é sempre uma satisfação para mim. As praticas pedagógicas embasadas nestes saberes, pode nos apresentar uma concepção de alfabetização que inicia antes da escolarização, com leitura de figuras, fotos, rostos, capa de livros e outros, numa relação viva e relacionada entre linguagens e compreensão de contextos.
Sônia Peixoto
Manaus-Amazonas
Julho/2016
Imagens disponíveis na internet
[1] FEEREIRO, Emilia. Alfabetização e cultura escrita.
Entrevista concedida à Denise Pellegrini In Nova
Escola – A revista do Professor. São Paulo, Abril, maio/2003.
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Sônia Peixoto
smapeixoto@hotmail.com
https://smapeixoto.blogspot.com.br
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