segunda-feira, 18 de julho de 2016

O Professor e a Escola

Alguns homens vêem as coisas como são, e dizem 'Por quê?' Eu sonho com as coisas que nunca foram e digo 'Por que não ?' (George Bernard Shaw)
A proposta de refletirmos sobre os problemas, os avanços e os desafios vivenciados pelo professor e pela escola é bastante complexa. Exige de nós o exercício da escuta, do olhar e da crítica sobre vários aspectos: sistema de ensino, políticas educacionais, formação inicial e continuada e as relações que se estabelecem nestes contextos.

Vemos com frequência a atribuição de responsabilidades ao professor e a escola, como atores e espaços únicos dos processos de aprendizagens. As condições de trabalho, o vínculo empregatício, o reconhecimento e/ou o não reconhecimento social, o pouco ou inexistentes incentivos para o fazer pedagógico, a autonomia ou ausência desta na escola, entre outros são na maioria das vezes desvinculadas das discussões sobre a temática.

O Centro de Formação da Semed (Manaus) como parte do projeto formativo de 2011, propôs aos professores que falassem sobre suas dificuldades e interesses formativos. Em agosto do mesmo ano a Universidade do Estado do Amazonas – UEA promoveu um seminário denominado Diálogos Pertinentes: o curso de Pedagogia e a profissão docente – desafios para a escola do presente.
Neste seminário promovido pela UEA/2011, apresentamos o tema O Professor e a Escola: problemas, avanços e desafios, tendo como embasamento, pesquisas, textos e também, falas/registros sistematizados para a ressignificação do projeto formativo dos professores da Educação Básica/Semed. 

O que nos chama atenção é que algumas das dificuldades e dos interesses formativos registrados, naquele momento, ainda estão presentes nas falas dos professores recém formados, dos com bastante tempo de formação inicial e dos que tiveram e têm participação em formações continuada. Então fomos rever alguns de nossos registros de formações e especificamente os slides que nortearam nossa fala no seminário na UEA. 

As dificuldades e interesses verbalizados pelos professores do 6° ao 9° ano, naquele momento foram: Necessidade de Formação em aspectos da Inclusão (Libras, Autismo, Deficiência Visual e outros); Necessidade de estudos sobre legislação educacional como apoio ao trabalho docente; Sugestões de metodologia (técnicas para sala de aula); Sugestões de jogos recreativos e de interação interdisciplinar; Formação em métodos de leitura e escrita; [...].

Os Professores do 1° ao 5° ano destacaram a necessidade de terem mais tempo para a elaboração de trabalhos pedagógicos; Necessidade de sugestões de técnicas e práticas de letramento; Necessidade de terem salas de recurso pedagógico e de orientações sobre como trabalhar com alunos que não demonstram interesse pelas atividades propostas; [...].

E os Professores de Educação Infantil dentre outras, destacaram a necessidade de formação sobre: Informática básica; Grafismo e letramento; Processos de desenvolvimento; Metodologia do trabalho diversificado e sobre o Uso da voz.
           
Assim, diante das falas, que sinalizaram necessidades formativas, há quatro anos, e presentes ainda hoje, sentimos a necessidade de levantarmos alguns questionamentos, considerando que alguns destes, foram de professores que participaram conosco de momentos de formação no passado.

Desta forma inúmeros questionamentos são inevitáveis: O que é ou pode ser impedimento para que um saber elencado por mim faça parte da minha pratica pedagógica? Quais os fatores que poderão fazer uma “necessidade” pessoal persistir por muitos anos? E o Formador que 'papel' tem neste processo? Quando a satisfação desta necessidade implica na ‘participação’ de outras pessoas e/ou segmentos, o que poderá ser feito?

E mais... O que motiva meu fazer como ‘profissional da educação’? Como sinto meu fazer nos espaços das unidades de ensino? Participo/partilho ideias, sonhos e atividades com ‘pares’ e/ou colegas? Ou é um fazer solitário? Que tipo de ‘ajuda formativa’ se faz necessária para que a ressignificação dos saberes pedagógicos sejam visíveis nas aprendizagens de crianças, jovens e adultos?

No seminário, propomos a reflexão sobre a “logo” que identificava o encontro e as possíveis relações com o tema. Acreditamos ser importante a mesma proposta de reflexão. Naquele momento o significado de maior relação foi: a flor de Lótus em botão simboliza as infinitas possibilidades do ser humano e aberta representa o Universo.

Por fim, precisamos ver a realidade e perguntarmos 'por quê?' E mais, precisamos ter sonhos e desconstruirmos algumas concepções para ressignificarmos trajetórias e novas formas de caminhar.   



Referências

GATTI. Bernadete Angelina; BARRETO. Elba Siqueira de Sá (coord). Professores do Brasil: impasses e desafios. Brasília: UNESCO, 2009. [Acesse o link aqui]

MANAUS. Semed. Escuta sensível: desafios no fazer pedagógico. Centro de Formação, 2011.

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Sônia Peixoto

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