sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Vida: O que é? Onde começa?

Participei, em junho, no auditório da Aldeia Infantil SOS Amazonas, do Cine Fórum sobre o documentário O Começo da Vida, organizado pelo Coletivo Escola Família Amazonas.
Naquele momento, procurei me organizar para poder contribuir de forma significativa nas reflexões no grupo e elaborei um roteiro com alguns pontos do documentário, dentre tantos, que me tocaram.



Destaquei, no início, o pensamento do Pesquisador e PhD da Universidade de Washington, Andrew Meltzoff, que nos diz: “Os seres humanos aprendem mais – e mais rápido – da gestação aos três anos do que em todo o resto de suas vidas”. Essa ideia lembra Guimarães Rosa, que em seu livro Grande sertão: veredas nos leva a refletir sobre a importância do nascimento de uma criança, pois, diante deste evento, “o mundo volta a começar”.

Neste momento trago a proposta de reflexão sobre as palavras de Dalai Lama, que nos diz: "O planeta não precisa de mais pessoas bem-sucedidas. O planeta precisa desesperadamente de mais pacificadores, curadores, restauradores, contadores de histórias e amantes de todos os tipos."

Que possíveis relações poderão ser feitas dessas três falas em destaque, com as distintas realidades mostradas no documentário, sobre o desafio de cuidar da infância? Que ressignificações são/seriam necessárias para que os cuidados com a infância sejam também, o brincar com ela, olhar e propor atividades em que as dimensões do SER estejam presentes? Como ressignificar e/ou desconstruir o foco no sucesso, da preocupação em “preparar” para o vestibular, de ser o melhor que o outro?

De certa forma, as ações relacionadas aos cuidados com e na infância, são vistos, por pais, educadores, gestores e boa parte da sociedade como ações de menor importância, muito embora propaguem em suas falas as preocupações com o desenvolvimento/cuidado com a criança, estas mesmas falas trazem nas entrelinhas (e às vezes claramente) a ausência de compromisso com o “começo da vida”.

Vemos, por exemplo, a preocupação com mais creches, sem foco no desenvolvimento integral da criança, pais que compram muitos brinquedos, sem nunca ou poucas vezes brincarem com seus filhos. Educadores (todos), que falam, determinam, castigam, cobram, sem ouvir a criança sobre fatos ocorridos, sem possibilitar o pensar sobre o “erro”, o tentar mais uma vez.

No Cine Fórum a que me referi acima, destaquei alguns aspectos para nortear as discussões. O documentário “considera o impacto que o cuidado com a primeira infância pode ter na sociedade (período que vai da gestação aos seis anos)”; “renova esperanças em relação a novas gerações”; “envolveu nove países, conversa com 50 famílias e 60 especialistas”; “apresenta diferentes culturas e realidades”; “aponta como sendo o único caminho para a construção da humanidade e destacando que a criança não é formada apenas por sua genética, mas também pelas primeiras interações com o meio onde vive”.

Apresenta várias “vozes”. De mães que querem “escutar seus filhos”, de especialistas que afirmam que as “conexões cerebrais só ficam permanentes se acontecerem na experiência afetuosa" e que se “mudarmos o começo da história, mudamos a história”.
Fala de descobertas da Neurociência e de que “os bebês são muito mais do que uma carga genética”, que o “desenvolvimento de todos os seres humanos se encontra na combinação da genética com a qualidade das relações que desenvolvemos e do ambiente em que estamos inseridos”.
Por fim, propõe algumas questões a serem respondidas por todos nós: Queremos as mesmas coisas para as próximas gerações? A primeira infância define tanto o presente quanto o futuro da humanidade? Quais cuidados estamos tendo com os primeiros anos de vida?
Sejam quais forem as respostas, não podemos deixar de considerar possíveis afirmações: O Futuro começa hoje, agora, já... E que a preocupação com o desenvolvimento infantil é a possibilidade de termos um mundo melhor...

Documentário O Começo da Vida



Sônia Peixoto
smapeixoto@hotmail.com

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8 comentários:

  1. Sonia, que lindo texto que me tocou profundamente. Que bom que você compensou a ausência que eu representei, para nossos dois queridos Tonny e Délia quando ainda na fase de aprender a construir um mundo melhor,enquanto estava a me importar a dar um futuro melhor pra eles que de nada adiantaria se não estivesses presente nas nossas vidas. Obrigado.
    Peixoto

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    1. Fico feliz que tenhas gostado e pelo registro aqui. Beijão.

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  2. Oi Sônia
    Quero aprender contigo algumas coisas sobre a infância. Não tenho quase nenhuma experiência porque as nossas filhas vieram para a família quando tinham 3 anos. E como formador, minha experiência é ainda menor, pois atuo na formação de professores que vão lidar com adolescentes. Entretanto, começo a entender que o conhecimento sobre o ensino fundamental e a infância é importante para quem trabalha com o ensino médio. Continue escrevendo, pois você é uma fonte que eu confio muito.

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    1. Acredito que é na infância onde tudo 'começa'. Grata pelo registro.

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  3. Gostei muito. A infância realmente é a fase pimportante nas nossas vidas. Gosto e admiro seu trabalho. Parabéns.

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  4. Olá Sônia!
    Parabéns por este espaço que nos possibilita refletir sobre temas tão significativos e inquietantes. Recentemente tive a oportunidade de assistir a esse documentário, também em um cine fórum. Contudo, suas reflexões/contribuições nos permitem ampliar o nosso olhar sobre a concepção de criança e infância. Isso nos instiga a pensar sobre nosso papel no processo de mediação do desenvolvimento infantil e sobre a importancia de termos como foco da formação a vida na sua totalidade/plenitude.Parabéns! Bjs

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