terça-feira, 25 de abril de 2017

Currículo: Intencionalidades (Parte 2)

Na postagem anterior (31 de março de 2017), sinalizei que faríamos considerações sobre o encontro com gestores e assessores de Educação Infantil que atendem a Pré-Escola, realizado em 24 de março, no Auditório Luiz Geraldo Pontes Teixeira/Semed.

A proposta para este encontro assemelhou-se ao realizado com os gestores e assessores de creche, pela intenção de ressignificar saberes e fazeres descritos na Proposta Pedagógico-Curricular de Educação Infantil/Semed, cuja intencionalidade é CUIDAR, EDUCAR pelas interações e brincadeiras.


Neste sentido, iniciamos nossa exposição dialogada, propondo um “zonzonzon” em pares sobre os slides apresentados. A pergunta que deu início às considerações do/no grupo foi: “O que eu vejo, você vê?”



As imagens que se seguiram são denominadas de “imagens ambíguas”, que se apresentam de forma diferente conforme o olhar, a atenção, o ângulo, a percepção de “figura-fundo” e a imaginação de quem vê. O desenvolvimento das funções psíquicas superiores é fundamental também neste processo de ver.

A seguir, destacamos a importância de estarmos sempre ressignificando nossos fazeres, não só na Educação Infantil, mas em nossas vidas com base no SENTIR, PENSAR e QUERER.

Destacamos que o desenvolvimento integral defendido por muitos teóricos estudiosos da Infância está contemplado na Proposta da Semed, considerando, dentre outros, o fato de que a referida proposta foi construída de forma democrática, com a participação e aplicação de instrumentos de escuta a “professores, pedagogos, gestores, comunidade escolar como um todo e das próprias crianças”. 


O desenvolvimento integral que deverá ser garantido pelos Diretos da Criança, listado por Maria Malta Campos e Fúlvia Rosemberg, em um dos documentos editados pelo MEC[1] e na Proposta da Semed.
Slide – Direito da Criança[2] - Brincadeira, Atenção individualizada, Ambiente
aconchegante, seguro e estimulante, Contato com a natureza, Higiene e à saúde,
Alimentação sadia, Desenvolvimento da curiosidade, imaginação e capacidade de expressão, Movimento em espaços amplos, Proteção, ao afeto e à amizade, Expressão de sentimentos, Atenção especial no período de adaptação e Desenvolver sua identidade cultural, racial e religiosa.

Fizemos considerações relacionadas ao professor, ao educador que tem no seu fazer a intencionalidade no desenvolvimento integral da criança/da infância, com base no binômio Educar-Cuidar, destacando que é DETERMINANTE para a qualidade desses processos a busca constante de seu desenvolvimento profissional, através da formação em serviço, do diálogo com seus pares, dos saberes e dos muitos questionamentos relacionados a estes, de dar voz à criança, de saber que pertence a um Sistema que tem Proposta e Diretrizes para nortear seu fazer pedagógico/educacional, da necessidade de definir concepções, que tenha e ressignifique a cultura de estudo e do registro, que seja mediador de atividades significativas e intencionais e, por fim, que se utilize dos processos de autoavaliação/avaliação com base nos indicadores de qualidade.


Mandala do Currículo – construção coletiva.

Ainda neste encontro, falamos sobre a “mandala do currículo”, construída nas instituições de educação integral no município, suas relações e localizações com/na Proposta da Semed/2013.

“Mandala é uma representação geométrica que em sânscrito significa ‘círculo’”. É símbolo da integração, da totalidade, completude e harmonia. Simboliza o
Universo e tem como finalidade orientar o pensamento.

Podemos dizer que a construção coletiva da Mandala do Currículo ou da Aprendizagem (como prefiro denominá-la quando me refiro à Educação Infantil) envolve o pensar sobre o desenvolvimento integral e tudo que se relaciona à qualidade destes processos, o sentir que permeia e se relaciona com o ponto central (a criança) e o querer pela ressignificação, pela reflexão e criação de possibilidades a serem experienciadas pelas crianças (interações e brincadeiras) nos tempos e espaços da infância.

Mandala - Educação Integral

Segundo Pilar Lacerda[3], a mandala representa, de forma simbólica e com
uma abordagem sistêmica, a proposta pedagógica com articulação,
integração e interação entre as áreas do conhecimento e saberes locais, entre
escola e comunidade, nas diferentes etapas. Sempre considerando o estudante como o centro do processo educativo.


Apresentamos imagens das Mandalas de Aprendizagens construídas coletivamente por dois CMEI’s onde a Proposta Pedagógico-Curricular de Educação Infantil da Semed-Manaus/AM, 2013 pode ser vista em suas possíveis articulações.

Construídas com seis círculos dispostos desta forma:


1º Círculo – o centro do processo, onde se sinaliza que a criança e seu desenvolvimento são o ponto principal de todo fazer e saber de quem “trabalha” com a infância. Neste centro a imagem de criança procura destacar que ela deve ser vista e estimulada a ser protagonista e autônoma no processo
de seu desenvolvimento. Ainda neste círculo destacam-se as Dimensões do Sujeito - Emocional, Simbólica, Cultural, Cognitiva, Física e Social.

2º Círculo – Cuidar e Educar (Saberes Comunitários). Representam o universo cultural e as relações entre saberes: Brincadeiras, Alimentação, Organização Política, Condições ambientais, Mundo do trabalho, Curas e rezas, Expressões artísticas, Narrativas locais, Corpo/Vestuário, Habitação, Calendário local.

3º Círculo – Linguagens (Macrocampos). Desenhar e Pintar, Oral e Escrita, Tessitura (tear manual), Exploração de gravuras, Fotografia e Cinema, Poesia e Literatura, Música – Sons – Barulhos, Exposição Infantil, Teatro – Dança – Movimento, Percepções Matemáticas, Construções.

4º Círculo – Parceiros. Unidade Escolar/CMEI, Família, Comunidade, Tutores, Semed, Divisões Distritais, Sociedade (territórios de aprendizagens), outros.

5º Círculo – Experiências (Saberes Escolares), pelas Brincadeiras e Interações - Conhecimento de si e do mundo, Diferentes linguagens, Gênero e forma de expressão narrativa (FRUIÇÃO, apreciação, integração), Contextos significativos, Percepções Matemáticas (relações quantitativas, medidas, formas, orientações espacial e temporal), Atividades (individuais e coletivas), Aprendizagens (autonomia, cuidado pessoal, auto-organização, saúde e bem-estar), Vivências éticas e estéticas (identidade no diálogo, conhecimento da diversidade), Curiosidade, exploração, encantamento, questionamento, mundo físico e social, tempo e natureza, Relacionamento e Interação (diversidade, música, artes plásticas e gráficas, poesia, dança, teatro, literatura), Alfabetização e Letramento (compreensão da função social), Diálogo (voz e vez).

6º Círculo – Eixos Norteadores (Áreas de Conhecimentos), pelas Brincadeiras e Interações - Sociedade e cidadania, Ciências da natureza, Percepções matemáticas, Ambiente educativo, Projeto de vida, Avaliação e autoavaliação permanente, Ludicidade (fruição), Diálogo e respeito, Programas Culturais, Tempos e Espaços, Projeto Político Pedagógico-PPP, Projetos de Aprendizagens, Sequência de atividades, Atividades permanentes, Salas temáticas, Rodas de conversas – Assembléias, Contação de histórias, Atividades Diversificadas.

Finalizamos solicitando que fizessem posteriormente, de forma individual e /ou coletivamente, avaliação/autoavaliação e que conversassem com seus pares sobre suas intencionalidades pedagógicas, com base em indicadores de qualidade, no “fazer pedagógico” que orienta/medeia para o protagonismo infantil, pela autonomia da criança e para que esta seja de fato o centro do processo de Cuidar e Educar.



[2] O slide foi apresentado com o recurso de entradas após clik do mouse e a imagem sobreposta deste slide se dá por ser uma cópia estática do original.
[3] Maria Pilar Lacerda, diretora da Fundação SM. Ver http://gife.org.br/praticas-pedagogicas-para-educacao-integral/

2 comentários:

  1. Fernanda Melomaio 06, 2017

    Não Faço parte do grupo para quem as suas falas se dirigiam.
    Mas... não poderia perder estes momentos.
    Quando era pequena me perguntavam: o que queres ser quando crescer? Não lembro o que eu dizia. Agora digo, já algum tempo - quando 'crescer', quero ser igual a você.
    Obrigada pelo muito que aprendo com suas palavras.

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    1. Fico feliz com tua palavras, mais ainda, por saber que participas de momentos que de alguma forma contribuem com teus saberes.
      Grata.

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