terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Cordel de natal – Bráulio Bessa


Que você, nesse Natal,

entenda o real sentido

da data em que veio ao mundo

um homem bom, destemido

e que o dono da festa

não possa ser esquecido.


Vindo lá do Polo Norte

num trenó cheio de luz

Papai Noel é lembrado

muito mais do que Jesus.

Ô balança incoerente

onde um saco de presente

pesa mais que uma cruz.


Sei que dar presente é bom

mas bom mesmo é ser presente

ser amigo, ser parceiro

ser o abraço mais quente

permitir que nossos olhos

não enxerguem só a gente.


Que você, nesse momento,

faça uma reflexão

independente de crença,

de fé, de religião

pratique o bem sem parar

pois não adianta orar

se não existe ação.


Alimente um faminto

que vive no meio da rua,

agasalhe um indigente

coberto só pela lua,

sua parte é ajudar

e o mundo pode mudar

cada um fazendo a sua.


Abrace um desconhecido,

perdoe quem lhe feriu,

se esforce pra reerguer

um amigo que caiu

e tente dar esperança

pra alguém que desistiu.


Convença quem está triste

que vale a pena sorrir,

aconselhe quem parou

que ainda dá pra seguir,

e pr’aquele que errou

dá tempo de corrigir.


Faça o bem por qualquer um

sem perguntar o porquê,

parece fora de moda

soa meio que clichê,

mas quando se ajuda alguém

o ajudado é você.


Que você possa ser bom

começando de janeiro

e que esse sentimento

seja firme e verdadeiro.

Que você viva o Natal

todo ano, o ano inteiro.


Sobre o Autor - Bráulio Bessa Uchoa é um poeta,  cordelista, declamador e palestrante brasileiro. Nasceu em Alto Santo, Ceará em 1985.








sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

O Jogo do Silêncio de Montessori para as crianças

 

Para que se utiliza o jogo do silêncio na infância

Sem dúvida, a concentração é uma das coisas difíceis para as crianças. Manter a atenção de uma criança com frequência se apresenta como um desafio. 

Existe um jogo criado pela filosofia Montessori que pretende ajudar as crianças a melhorar a concentração, a paciência e a empatia. Chama-se o Jogo do Silêncio. Você o conhece? 

Para jogar não é necessário de nenhum material. É recomendável a utilização de um instrumento musical (uma campainha ou um tambor tibetano) para marcar o começo e o final do momento de silêncio. Crianças a partir dos dois anos já podem participar. Mas, como se joga?  

1. Peça às crianças que irão participar que se sentem no chão em círculo. Se for uma única criança bastará que você se sente com ela. 

2. Explique como funciona o Jogo do Silêncio e que as crianças devem ficar tão quietas e silenciosas como uma pedra ou uma flor. 

3. Peça às crianças que fechem os olhos. Elas não podem deixar de ser flor nem pedra. Não podem falar. 

4. Deixe passar 30 segundos. Para começar é suficiente. Cada dia que jogarem se pode tentar que permaneçam um pouco mais de tempo em silêncio. 

5. Toque o instrumento musical que você tenha utilizado para marcar o final do tempo de silêncio. Você também pode terminar chamando cada criança pelo seu nome para que se levantem.  

6. Peça a cada criança que explique diante do restante o que ela tenha sentido ou escutado no seu tempo de silêncio. 

Benefícios do Jogo do Silêncio de Montessori para as crianças 

O Jogo do Silêncio não serve como castigo. Não se utiliza para que a criança reflita sobre o que fez de ruim. É somente um método de relaxamento que contribui com todos esses benefícios às crianças: 

1. Ajuda a criança a melhorar a concentração. 

2. Desenvolve a disciplina interna. 

3. Melhora o autocontrole. 

4. Exercita a paciência. 

5. Faz com que as crianças aprendam a ser tolerantes e respeitosas. 

6. Ajuda a criança a relaxar e faz com que ela medite e pense como o Mindfulness**. Isso é bom para que aprenda a desenvolver o pensamento crítico. 

7. É um exercício fantástico para aumentar a agudez auditiva. As crianças melhoram sua percepção auditiva. 

8. Quando participam várias crianças pode servir para praticar o trabalho em grupo. 

 **Intenção + Atenção + Atitude = Mindfulness É a tradução da palavra Sati, que é definida como “a capacidade de se lembrar”. É quando o ser humano está consciente daquilo que se passa com o seu corpo, mente, pensamentos e emoções – tudo ao mesmo tempo.



Fonte - https://br.guiainfantil.com/materias/educacao/jogos/o-jogo-do-silencio-de-montessori-para-as-criancas/ Em 31 de agosto de 2016

Estefanía Esteban - Redatora de GuiaInfantil.com

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

A corrida da vida (Bráulio Bessa)

 

    Na corrida dessa vida
é preciso entender
que você vai rastejar,
que vai cair, vai sofrer
e a vida vai lhe ensinar 
que se aprende a caminhar 
e só depois a correr.


A vida é uma corrida
que não se corre sozinho.
E vencer não é chegar,
é aproveitar o caminho
sentindo o cheiro das flores 
e aprendendo com as dores
causadas por cada espinho.

 
Aprenda com cada dor, 
com cada decepção,
com cada vez que alguém
lhe partir o coração. 
O futuro é obscuro
e às vezes é no escuro 
que se enxerga a direção.


Aprenda quando chorar
e quando sentir saudade, 
aprenda até quando alguém 
lhe faltar com a verdade. 
Aprender é um grande dom. 
Aprenda que até o bom
vai aprender com a maldade.

  
Aprender a desviar
das pedras da ingratidão, 
dos buracos da inveja,
das curvas da solidão, 
expandindo o pensamento
fazendo do sofrimento
a sua maior lição.


Sem parar de aprender, 
aproveite cada  flor, 
cada cheiro no cangote, 
cada gesto de amor, 
cada música dançada 
e também cada risada,
silenciando o rancor. 


Experimente o mundo, 
prove de todo sabor,
sinta o mar, o céu e a terra,
sinta o frio e o calor, 
sinta sua caminhada
e dê sempre uma parada 
pelo caminho que for. 


Pare, não tenha pressa, 
não carece acelerar,
a vida já é tão curta,
é preciso aproveitar
essa estranha corrida 
que a chegada é a partida 
e ninguém pode evitar! 


Por isso é que o caminho 
tem que ser aproveitado, 
deixando pela estrada
algo bom pra ser lembrado,
vivendo uma vida plena,
fazendo valer a pena 
cada passo que foi dado. 


Aí sim, lá na chegada, 
onde o  m é evidente,
é que a gente percebe 
que foi tudo de repente, 
e aprende na despedida 
que o sentido da vida 
é sempre seguir em frente. 



Sobre o autor - Bráulio Bessa nasceu no município de Alto Santo, no Sertão do Ceará, no ano de 1986. Com 14 anos aprendeu a amar a poesia de seu conterrâneo Patativa do Assaré (1909-2002). Depois que uma professora passou um trabalho escolar de pesquisa sobre o grande poeta de cordel.


Fonte - https://www.brauliobessa.com/post/a-corrida-da-vida

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Ensinar FELICIDADE...

 


Como ensinar a nossos filhos a arte da felicidade

Quando eu penso sobre o que eu quero para meus filhos enquanto eles crescem, eu penso no tipo de pessoa que eu gostaria que eles se tornassem: Adultos que são gentis, atenciosos e agradecidos, que riem com frequência e encontram paixão na vida. Espero que eles se envolvam com o que lhes traz alegria, que encontrem uma carreira que amam e que criem relacionamentos cativos com pessoas que os apreciem tanto quanto eu. Acima de tudo, quero que sejam felizes.

Como pais, é nosso trabalho guiar nossos filhos nas mais diversas áreas. Nós os treinamos no banheiro, ensinamos a eles autocuidado e boas maneiras, ensinamos a eles como ler, o que fazer em uma emergência, como atravessar a rua com segurança. Podemos ensiná-los a tocar um instrumento musical ou um esporte. Mas podemos ensinar-lhes como ser felizes?

Mike Ferry, professor de longa data do ensino médio, pai de quatro filhos e autor de Ensinando Felicidade e Inovação , afirma que podemos. Ao contrário do que muitos acreditam, o sucesso nem sempre traz felicidade; mas a pesquisa mostrou que o inverso é verdadeiro - pessoas mais felizes têm maior probabilidade de ter sucesso na escola, no trabalho e em suas vidas pessoais. Ferry define a felicidade como "uma perspectiva otimista, comunitária e disciplinada da vida".

Quanto mais felizes somos, mais bem sucedidos nos tornamos. E graças à plasticidade de nossos cérebros, Ferry explica que felicidade e inovação podem ser ensinadas, nutridas e praticadas. Ele prossegue dizendo o que Shawn Anchor da A Vantagem da Felicidade expressou: que quando estamos numa atitude positiva, “nossos cérebros se tornam mais engajados, criativos, motivados, enérgicos, resilientes e produtivos no trabalho”.

Acontece que podemos ensinar nossos filhos a serem felizes incentivando certos hábitos.

O primeiro é gratidão. Ensinar as crianças a serem gratas em um mundo de superabundância pode parecer uma tarefa assustadora. É fácil ser sugado pela mentalidade de consumo da sociedade; as crianças são constantemente inundadas com a ideia de que mais é melhor e precisam do próximo novo gadget ou brinquedo e depois para o próximo.

Mas a importância de dizer "não" às crianças para transmitir uma atitude de gratidão não pode ser exagerada. Ajude-os a se concentrar em ser gratos pelo que eles já têm e não no que eles querem em seguida. Outra maneira de ensinar isso é adquirir o hábito de observar um “momento de gratidão” todos os dias. Isso pode acontecer ao acordar ou quando a família se reúne ao redor da mesa de jantar. Reserve um momento para refletir e, em seguida, dê a volta na mesa, revezando-se em compartilhar uma coisa pela qual você é grato. Para crianças mais velhas, incentive-as a manter um diário de gratidão. Praticar a gratidão diariamente pode religar nossos cérebros para reconhecer a apreciação, em vez de insistir em decepções. Por sua vez, nos tornaremos mais felizes.

A bondade é outra habilidade que podemos ensinar aos nossos filhos para ajudá-los a encontrar maior felicidade. Ferry destaca a pesquisa que mostrou uma ligação entre a dopamina e a bondade químicas do cérebro “sentir-se bem”. Agir com bondade aumenta o fluxo de dopamina no cérebro do doador, fazendo-o sentir-se feliz.

Podemos incentivar a bondade das crianças em primeiro lugar, modelando-as em nossos lares. Seja gentil, especialmente durante desentendimentos, e elogie mesmo pequenos atos de bondade. Ensine a tolerância, destaque oportunidades de retribuir à sua comunidade e voluntarie-se como uma família, se possível.

Casas felizes também podem inspirar mentes criativas. Nossos cérebros, e os de nossos filhos, são mais receptivos a novas informações quando estamos relativamente livres de estresse, felizes e engajados, de acordo com Ferry. Isso significa que a felicidade é crucial para o aprendizado e o pensamento crítico. Podemos inspirar criatividade, apoiando o humor, a curiosidade e a mente aberta em casa.

Incentivar ideias criativas de crianças pode vir na forma de incluí-las nas decisões da família (como planejar férias ou projetar quartos). Você também pode jogar jogos que envolvem perguntas abertas para inspirá-los a pensar criticamente. Permitir que as crianças tenham bastante tempo para brincadeiras não estruturadas também ajuda. 

O livro de Ferry contém uma lista maravilhosamente detalhada de sugestões e exemplos.

Também devemos celebrar as pessoas não convencionais em nossas vidas falando sobre como algumas das pessoas mais não convencionais do mundo tiveram grande impacto (pense em Mahatma Gandhi, Albert Einstein, Nelson Mandela e Thomas Edison).

A felicidade não é algo que cai do céu e no colo de nossos filhos. É um estado de espírito maravilhosamente complexo que pode ser fortalecido com a prática. E estou disposto a apostar que todos nós queremos que nossos filhos experimentem a felicidade e a alegria na vida.


FONTE  -  https://saudavelefeliz.net.br/como-ensinar-a-nossos-filhos-a-arte-da-felicidade+239815 2/9 em 22/09/2020.

Publicado originalmente no The Whashington Post - Escrito por  Lauren Knight

Grifos feitos por mim.

terça-feira, 20 de outubro de 2020

UM POEMA CONTRA A GUERRA (GIANNI RODARI)

 

LEMBRETE


HÁ COISAS PARA FAZER TODOS OS DIAS: 

LAVE, ESTUDE, BRINQUE

PREPARE A TABELA,

AO MEIO-DIA.


HÁ COISAS PARA FAZER À NOITE:

FECHE OS OLHOS, SONO,

TENHA SONHOS PARA SONHAR,

ORELHAS PARA OUVIR.


EXISTEM COISAS QUE VOCÊ NUNCA DEVE FAZER,

NEM DIA  NEM NOITE

NEM POR MAR  NEM POR TERRA: 

POR EXEMPLO, A GUERRA!





Fontes - https://www.mammaleggiamoinsieme.it/2015/11/una-poesia-contro-la-guerra-di-gianni.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gianni_Rodari

Imagem retirada da internet.

Sobre o autor - Gianni Rodari Nasceu em Omegna em 23 de outubro de 1920, faleceu em 14 de abril
de 1980 com 59 anos em Roma. Foi jornalista, escritor e poeta especializado em literatura infantil. 

Recebeu o prêmio Hans Christian Andersen em 1970.
 

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

O Primeiro da Classe (Front of the Class) - filme.

Filme estadunidense produzido para a televisão que narra a história real de Brad Cohen, um professor americano que convive com a Síndrome de Tourette desde os 6 anos.  

Desde a infância, Brad foi humilhado na escola por alunos e também por sua professora por ter Síndrome de Tourette. 

terça-feira, 29 de setembro de 2020

Mucize - filme turco (anos 60) baseado em uma história real.

 

**Mucize significa milagre; um evento incomum que é inexplicado pelas leis científicas e é atribuído às forças divinas.

O filme conta sobre um professor que é enviado à um povoado nas montanha da Turquia. 

Ao chegar, foi bem recebido por todos do povoado, mas se surpreende por não existir nenhuma escola, onde deveria dar aulas.

Procura  resolver o problema cobrando das autoridades, a responsabilidade das mesmas sobre a educação das crianças  do povoado. 

Depois da conversa sem resultado sobre a construção da escola, teria que voltar a sua cidade. 

Sensibilizado com a tristeza dos anciãos pela "possibilidade da sua não permanência", resolve ficar.

A história nos apresenta alguns costumes daquela época - como os jovens se casam, a proibição de estudo para as mulheres...

No povoado tem uma figura estranha - Aziz - um homem deficiente, que dentre muitas dificuldades, também não fala. Aziz é constantemente incomodado pelas crianças do povoado. 

O jeito de ser de Aziz, desperta a curiosidade pedagógica (humana) do professor.

E... vale a pena assistir!!!


**https://educalingo.com/pt/dic-tr/mucize 


Ficha técnica 

Título: Mucize (Original)

Produção: Murat Tokat

Ano produção: 2015

Dirigido por : Mahsun Kirmizigül

Estreia mundial: 1 de Janeiro de 2015 

Duração: 136 minutos

Classificação 12 - Não recomendado para menores de 12 anos

Gênero: Comédia, Drama, Romance

Países de Origem: Turquia

Música composta por: Mahsun Kırmızıgül, Yıldıray Gürgen, Tevfik Akbaşlı


   

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Ensinar a alegria (Rubem Alves)


Muito se tem falado sobre o sofrimento dos professores.

Eu, que ando sempre na direção oposta, e acredito que a verdade se encontra no avesso das coisas, quero falar sobre o contrário: a alegria de ser professor, pois o sofrimento de se ser um professor é semelhante ao sofrimento das dores de parto: a mãe o aceita e logo dele se esquece, pela alegria de dar à luz um filho.

Reli, faz poucos dias, o livro de Hermann Hesse, O Jogo das Contas de Vidro. Bem ao final, à guisa de conclusão e resumo da estória, está este poeminha de Rückert:

Nossos dias são preciosos

mas com alegria os vemos passando

se no seu lugar encontramos

uma coisa mais preciosa crescendo:

uma planta rara e exótica,

deleite de um coração jardineiro,

uma criança que estamos ensinando,

um livrinho que estamos escrevendo

Este poema fala de uma estranha alegria, a alegria que se tem diante da coisa triste que é ver os preciosos dias passando… A alegria está no jardim que se planta, na criança que se

ensina, no livrinho que se escreve. Senti que eu mesmo poderia ter escrito essas palavras, pois sou jardineiro, sou professor e escrevo livrinhos.

Imagino que o poeta jamais pensaria em se aposentar. Pois quem deseja se aposentar daquilo que lhe traz alegria? Da alegria não se aposenta… Algumas páginas antes o herói da estória havia declarado que, ao final de sua longa caminhada pelas coisas mais altas do espírito, dentre as quais se destacava a familiaridade com a sublime beleza da música e da literatura, descobria que ensinar era algo que lhe dava prazer igual, e que o prazer era tanto maior quanto mais jovens e mais livres das deformações da deseducação fossem os estudantes.

Ao ler o texto de Hesse tive a impressão de que ele estava simplesmente repetindo um tema que se encontra em Nietzsche. O que é bem provável. Fui procurar e encontrei o lugar onde o filósofo (escrevo esta palavra com um pedido de perdão aos filósofos acadêmicos, que nunca o considerariam como tal, porque ele é poeta demais, “tolo” demais…) diz que “a felicidade mais alta é a felicidade da razão, que encontra sua expressão suprema na obra do artista. Pois que coisa mais deliciosa haverá que tornar sensível a beleza? Mas “esta felicidade suprema,” ele acrescenta, “é ultrapassada na felicidade de gerar um filho ou de educar uma pessoa.”

Passei então ao prólogo de Zaratustra.

Quando Zaratustra tinha 30 anos de idade deixou a sua casa e o lago de sua casa e subiu para as montanhas. Ali ele gozou do seu espírito e da sua solidão, e por dez anos não se cansou. Mas, por fim, uma mudança veio ao seu coração e, numa manhã, levantou-se de madrugada, colocou-se diante do sol, e assim lhe falou: Tu, grande estrela, que seria de tua felicidade se não houvesse aqueles para quem brilhas? Por dez anos tu vieste à minha caverna: tu te terias cansado de tua luz e de tua jornada, se eu, minha águia e minha serpente não estivéssemos à tua espera. Mas a cada manhã te esperávamos e tomávamos de ti o teu transbordamento, e te bendizíamos por isso. 

Eis que estou cansado na minha sabedoria, como unia abelha que ajuntou muito mel; tenho necessidade de mãos estendidas que a recebam.

Mas, para isso, eu tenho de descer às profundezas, como tu o fazes na noite e mergulhas no mar… Como tu, eu também devo descer…

Abençoa, pois, a taça que deseja esvaziar-se de novo…

Assim se inicia a saga de Zaratustra, com uma meditação sobre a felicidade. A felicidade começa na solidão: uma taça que se deixa encher com a alegria que transborda do sol. Mas vem o tempo quando a taça se enche. Ela não mais pode conter aquilo que recebe. Deseja transbordar. Acontece assim com a abelha que não mais consegue segurar em si o mel que ajuntou; acontece com o seio, turgido de leite, que precisa da boca da criança que o esvazie. A felicidade solitária é dolorosa. Zaratustra percebe então que sua alma passa por uma metamorfose. Chegou a hora de uma alegria maior: a de compartilhar com os homens a felicidade que nele mora. Seus olhos procuram mãos estendidas que possam receber a sua riqueza. Zaratustra, o sábio, se transforma em mestre. Pois ser mestre e isso: ensinar a felicidade.

“Ah!”, retrucarão os professores, “a felicidade não é a disciplina que ensino. Ensino ciências, ensino literatura, ensino história, ensino matemática…” Mas será que vocês não percebem que essas coisas que se chamam “disciplinam’’, e que vocês devem ensinar, nada mais são que taças multiformes coloridas, que devem estar cheias de alegria?

Pois o que vocês ensinam não e um deleite para a alma? Se não fosse, vocês não deveriam ensinar. E se é, então é preciso que aqueles que recebem, os seus alunos, sintam prazer igual ao que vocês sentem. Se isso não acontecer, vocês terão fracassado na sua missão, como a cozinheira que queria oferecer prazer, mas a comida saiu salgada e queimada…

O mestre nasce da exuberância da felicidade. E, por isso mesmo, quando perguntados sobre a sua profissão, os professores deveriam ter coragem para dar a absurda resposta: “Sou um pastor da alegria…”

Mas, e claro, somente os seus alunos poderão atestar da verdade da sua declaração…


Sobre o autor - Rubem Azevedo Alves (Boa Esperança, 15 de setembro de 1933 — Campinas, 19 de julho de 2014) foi um psicanalista, educador, teólogo, escritor e pastor presbiteriano brasileiro. Foi autor de livros religiosos, educacionais, existenciais e infantis.


Fonte - https://www.revistaprosaversoearte.com/ensinar-alegria-rubem-alves/  – Rubem Alves, no livro “A alegria de ensinar”. São Paulo: Ars Poética Editora Ltda., 1994.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Rubem_Alves#:~:text=Rubem%20Azevedo%20Alves%20(Boa%20Esperan%C3%A7a,%2C%20educacionais%2C%20existenciais%20e%20infantis 

Imagens da internet.

domingo, 23 de agosto de 2020

Sobre as mãos...


Observe suas Mãos (Autoria desconhecida)

Meu avô, com noventa e tantos anos, sentado no banco do jardim, não se movia.
Estava cabisbaixo, olhando suas mãos. Quando me sentei ao seu lado, nem notou minha presença.

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

"A leitura é a atividade humana mais importante para a formação do ser". Roseana Murray


Poesia: Um Espaço de Liberdade
                                                                               Roseana Murray

Uma autora que encontra inspiração na própria infância, nas conversas com a criança solitária e sonhadora que foi.

terça-feira, 14 de julho de 2020

O Menino que Descobriu o Vento: Conheça a história real que inspirou o filme.



sexta-feira, 3 de julho de 2020

QUEM ME ROUBOU DE MIM? O sequestro da subjetividade e o desafio de ser pessoa (Padre Fábio de Melo)


APRESENTAÇÃO

Este livro não é um ensaio teológico. Também não é um tratado de antropologia especializada. É apenas a satisfação de um desejo simples, menor. Desejo de abrir portas, romper cativeiros, acender luzes, propor liberdade. Desejo de expor o assombro que tenho experimentado ao ver as dores do mundo, os calvários da humanidade.

As dores são muitas. Então quis eleger uma delas: o sequestro da subjetividade. Um roubo silencioso que nos leva de nós: acontecimento comum, mas não noticiado, que fragiliza e impossibilita o humano de viver a realização para a qual foi feito.

A vida humana é uma constante experiência de travessia. Estamos em êxodos contínuos, em processos de deslocamentos intermináveis, porque, enquanto estivermos vivos, seremos convidados para o movimento que nos proporciona a superação de estágios, condições e atitudes.

terça-feira, 23 de junho de 2020

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. (Marina Colasanti)


A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

quarta-feira, 27 de maio de 2020

O desenho na formação do professor.


Para reaquecer o desenho: o ato de desenhar na formação do professor
                                                                              Por Marisa Szpigel – Zá

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Sobre o Amor... ( Zygmunt Bauman)

“o amor é mais falado do que vivido e por isso vivemos um tempo de secreta angústia"
Por Luiza Fletcher

 “Estamos todos numa solidão e numa multidão ao mesmo tempo.”
                                                                                     Zygmunt Bauman

terça-feira, 28 de abril de 2020

Uma Esperança – Clarice Lispector


Uma Esperança 

Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica, que tantas vezes verifica-se ser ilusória, embora mesmo assim nos sustente sempre. Mas a outra, bem concreta e verde: o inseto.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Isolamento social: 12 filmes que abordam o tema



Robinson Samulak Alves
(Imagem de: Isolamento social: conheça 12 filmes que abordam o tema. Fonte: IMDb)

Eventualmente, algumas histórias que o cinema apresenta ganham novos olhares com a realidade se aproximando das mais diversas narrativas. Em tempos de pandemia do novo coronavírus, veja como o isolamento social já foi retratado em 12 filmes de diferentes gêneros.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Saberes Necessários... Alícia Fernandez (Parte I)

Aprender é quase tão lindo quanto brincar - Alícia Fernandez (PARTE I)

“Jogar é arriscar-se a fazer do sonho um texto visível” (Heli Morales Ascencio)
“Aprender é arriscar-se a fazer dos sonhos textos possíveis” (Alícia Fernández)
“Por que falas em curar quando, muitas vezes, basta acompanhar um ser no seu desamparo? (Maud Mannoni)
“Aprender é quase tão lindo quanto brincar” (Lucía, 3 anos)

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Uso do celular por crianças...


Uso de celulares por crianças causa distúrbios do sono e mau desempenho escolar
ESTADÃO - 30/09/2018
Atualizado em 30/09/2018

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

"Pedagogia da Escuta" - uma perspectiva malaguzziana.

"Na Pedagogia da Escuta, as crianças são as disparadoras primeiras das ações pedagógicas"
Renata Penzani
Publicado em: 05.09.2017
Atualização: 08.05.2018